Mulher de João Rendeiro ouvida hoje em tribunal. Juíza quer saber o paradeiro das obras

Maria de Jesus Rendeiro só conseguiu encontrar sete das 15 obras desaparecidas. Também terá de explicar o facto de ter quadros falsificados na parede. Ex- banqueiro terá vendido três obras de Frank Stella, entre Março e Outubro de 2021, tendo deixado no seu lugar três falsificações.

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MÁRIO CRUZ

No dia 11 de Outubro, a Polícia Judiciária (PJ) foi à moradia da Quinta Patino, em Cascais, verificar a integridade dos 124 bens, quadros e estátuas, apreendidos a João Rendeiro em 2010 e detectou a falta de 15 obras, assim como a eventual falsificação de três.

As obras estavam à guarda de Maria de Jesus Rendeiro, que terá conseguido entregar apenas sete das 15 que estavam dadas como desaparecidas pela PJ.

Esta sexta-feira, a mulher do ex-banqueiro vai ser ouvida em Tribunal e terá de explicar à juíza -- que condenou Rendeiro a 10 anos de prisão efectiva por crimes de fraude fiscal qualificada, abuso de confiança e branqueamento de capitais, por apropriação indevida de mais de 31 milhões de euros do BPP -- o que aconteceu às restantes obras, assim como ao facto de ter em casa três alegadas falsificações.

Segundo noticiou o Expresso, as falsificações detectadas dizem respeito a três obras de Frank Stella, cujos quadros verdadeiros terão sido vendidos entre Março e Outubro de 2021, na leiloeira Christie’s e terão rendido a João Rendeiro cerca de 229 mil euros. Uma das obras terá sido vendida já com o ex-banqueiro em fuga.

Maria de Jesus Rendeiro tinha justificado a ausência de algumas das 124 obras arrestadas pelo Estado desde 2010, afirmando que em onze anos era normal que umas tivessem sido mudadas de local e que outras tenham entrado na casa.

A mulher de Rendeiro até pediu ao tribunal que lhe fosse fornecido o registo fotográfico do auto de apreensão de 2010 para procurar melhor e pediu mais tempo para devolver o que estava em falta, o que não conseguiu.

Na condição de fiel depositária, Maria de Jesus Rendeiro arrisca um crime de descaminho ou destruição de objectos se faltar algum elemento da lista, uma vez que estes bens foram dados como perdidos a favor do Estado.

De acordo com o auto de busca e apreensão de 11 de Novembro de 2010, João Rendeiro tinha na sua casa várias esculturas e pinturas de artistas como António Dacosta, Lourdes Castro, Joaquim Rodrigo, Dórdio Gomes, Carlos Botelho, Júlio Resende, João Hogan, Dominguez Alvarez, Frank Stella, Julião Sarmento, René Bértholo, Luís Noronha da Costa, Raymond Hains e Sophia Haas.

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