Catarina Martins: “A ‘geringonça’ foi morta pela obsessão pela maioria absoluta”

Catarina Martins aponta o dedo ao PS pelo fim da geringonça.

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Catarina Martins confirma chumbo do BE ao OE 2022 NUNO FERREIRA SANTOS/PÚBLICO

Na intervenção de encerramento do debate do Orçamento do Estado, esta quarta-feira, Catarina Martins, do BE, apontou o dedo ao PS pelo início da crise política:"A geringonça foi morta pela obsessão pela maioria absoluta”. O BE já anunciou que vai votar contra o Orçamento do Estado, juntamente com o PCP e os partidos à Direita. 

A coordenadora do partido responsabiliza ainda os socialistas "pela recusa das finanças de dar ao SNS carreiras profissionais, condições de contratação e investimento planeados pela intransigência que mantém a troika nas leis laborais". Catarina Martins criticou os “dramalhões” e insistiu que foi António Costa quem escolheu uma crise política, dizendo ter chegado ao final do debate sem entender as razões que levaram o Governo e não acolher na totalidade as nove propostas bloquistas.

Ainda assim, para a líder bloquista, o balanço dos avanços dos últimos seis anos é positivo. “A geringonça não foi tempo partido, foi tempo ganho”, afirma, recebendo um sonoro coro de de protestos da bancada socialista.

Catarina Martins aponta ao OE um “investimento anémico” que “não trava a deterioração do SNS nem a perda de poder de compra para a generalidade dos salários e pensões”.

Além disso, argumenta que as promessas feitas “já estavam previstas em orçamentos anteriores”, que ainda assim fica aquém do que ficou por executar desde 2016. “Repetem-se para 2022 promessas de anos anteriores, com taxas de execução nulas ou muito baixas, como, por exemplo, as dos hospitais do Seixal, Setúbal e Évora”, diz. “O mais caricato será a promessa da execução em 2022 de milhões de euros para equipar um hospital - Lisboa Oriental - cuja construção nem sequer se iniciou”, completa.

Também as pensões mais baixas “continuarão em valores inferiores ao limiar de pobreza, enquanto as restantes perdem poder de compra, sob uma inflação que será bem maior do que a que o governo reconhece”. “O aumento de 0,9% é irrisório face à perda acumulada de 10% do poder de compra, mas não só”, acrescenta.

Para o BE, a conclusão é óbvia: “Estas escolhas não têm nada de esquerda, nem são resposta aos problemas do país. E são inexplicáveis, porque o momento devia mesmo ser de mudança”.

E enquanto na Europa, as regras do Pacto de Estabilidade “estão suspensas e os diversos governos apresentam orçamentos de recuperação e investimento”, o Governo português “apresenta um orçamento de contenção, desperdiçando o momento de alívio da pressão europeia e a maioria que existe no Parlamento”.

Para Catarina Martins foi o primeiro-ministro que escolheu não avançar. “Preferiu abrir uma crise política, rompeu todas as pontes, recusou todas as propostas e preferiu ontem voltar ao infeliz discurso da campanha autárquica, prometendo milhões para todo o lado, embalado para eleições antecipadas. Eu sei que em orçamentos há promessas abundantes e dramalhões convenientes”, atira.

E descarta que o insucesso das negociações seja responsabilidade do Governo: "Dizer que o Bloco é intransigente é tão inútil e pouco credível como dizer que os profissionais do SNS estão a atacar o Governo quando alertam para a situação insustentável em que se encontram”. 

De acordo com Catarina Martins, o BE chega ao final do debate alegando que não compreende as razões da rejeição de cada uma das nove propostas do Bloco e acusa o Governo de não ter respostas. E olha para o futuro: “O Bloco de Esquerda foi sempre uma solução, defendeu soluções, está pronto para soluções e sabe que elas fazem o seu caminho. É este o nosso mandato, não faltaremos”, conclui.

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