Gossip Girl voltou, com o mesmo excesso de sempre

A série que durou de 2007 a 2012 está de volta com novas personagens e novas histórias passadas no mesmo universo: a riqueza e opulência de adolescentes do Upper East Side de Nova Iorque.

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Zión Moreno e Savannah Lee Smith em Gossip Girl, a nova série que se passa no mesmo universo do original que durou de 2007 a 2012

Em 2007, começava Gossip Girl, a adaptação televisiva de uma saga de livros para jovens adultos escrita por Cecily von Ziegesar. Até 2012 e ao longo de seis temporadas, a série da CW que cá chegou via canal Sony Entertainment Channel, actual AXN, era narrada por uma blogger anónima que espalhava mexericos sobre o dia-a-dia de estudantes, quase todos ricos e poderosos, do Upper East Side de Nova Iorque, uma das zonas mais ricas da cidade.

Este ano, Gossip Girl voltou para uma nova série, com Josh Schwartz e Stephanie Savage, os criadores da original, na posição de produtores executivos, e Joshua Safran, que escreveu para a série original, aos comandos. O nome é o mesmo. Estreou-se na HBO Max nos Estados Unidos no início de Julho e chega agora, esta terça-feira, à HBO Portugal, acompanhada de seis temporadas da série original. São seis episódios de uma só assentada, com mais seis episódios a virem em Novembro.

Esta nova série não é bem uma continuação. Passa-se no mesmo universo da anterior, num contexto pós-pandémico, em que volta a haver, numa escola privada de Nova Iorque, uma blogger anónima a espalhar mexericos. Desta feita, sabemos quem é a blogger, ao invés de descobrirmos no final da série numa revelação surpreendente e pouco bem conseguida: um grupo de professores (uma delas é representada por Tavi Gevinson, que começou como blogger na vida real). A ideia é ter um elenco mais diverso em termos de cor, género e orientações sexuais. “Queríamos honrar a série original e torná-la apropriada para agora”, disse Josh Schwartz, o produtor executivo, ao PÚBLICO no final de Junho, a meio de uma série de mesas redondas virtuais com jornalistas internacionais.

Zión Moreno, que faz de Luna La, uma das alunas, uma mulher transgénero, comentou que a série deu, a ela e aos colegas, “bastante liberdade para não sentirmos que somos representantes de uma comunidade e podermos ser só a personagem”, sem ter um peso em cima, especialmente numa “série tão leve”. Savannah Lee Smith, que faz de Monet, outra aluna, lésbica, corrobora: “nenhuma comunidade é um monólito, não quero ter a responsabilidade de falar pela comunidade negra ou LGBT como um todo”.

Antes de se estrear, Safran tinha dito, em entrevista à Variety, que as novas personagens tinham uma maior consciência da sua riqueza e do seu privilégio. Tinha também dito que, desta vez, não haveria slut-shaming. Muitas pessoas interpretaram isso como uma falta de conflito.“O que eu disse foi que estas personagens tinham mais noção do seu privilégio, não disse que não abusavam dele. É pior quando sabes e abusas. É divertido ver pessoas que sabem o que é a coisa certa, que tentam e acham que estão a fazer a coisa certa e estão a fazer mesmo o contrário”, explicou o criador ao PÚBLICO. O excesso é o mesmo, a mesquinhez também. “Há personagens mázinhas o suficiente”, garantiu Stephanie Savage.

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