Reunião entre Governo e BE sobre Orçamento terminou sem acordo

“Não há acordo”, diz fonte oficial bloquista ao PÚBLICO no final do encontro mantido esta terça-feira entre o Governo, cuja comitiva foi liderada pelo primeiro-ministro, e o Bloco.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O encontro desta terça-feira entre as comitivas do Governo e do Bloco de Esquerda, respectivamente lideradas pelo primeiro-ministro António Costa e pela coordenadora bloquista Catarina Martins, terminou sem acordo, pelo que ficou já prevista uma nova reunião para as partes tentarem acertar agulhas quanto à viabilização do Orçamento do Estado para 2022. 

Segundo adiantou fonte oficial do BE ao PÚBLICO, e apesar da "abertura” do Bloco para negociar com o executivo, “não há acordo”. “Na segurança social, o Governo não trouxe qualquer proposta. No trabalho, recusa a reversão de qualquer das cinco regras que o Bloco quer reverter, ficando por medidas simbólicas que não concretizou por escrito. Na saúde, aguardamos novas redacções com eventuais aproximações do Governo”, revela fonte bloquista em mensagem escrita.

Aqui chegados e com a votação do OE2022 prevista para 27 de Outubro, “ficou prevista uma nova reunião” entre as partes a fim de tentarem chegar a um entendimento que permita ao BE contribuir para viabilizar as contas públicas do próximo ano.

Em reacção à posição do BE, fonte do Governo adiantou ao PÚBLICO que neste encontro o executivo “apresentou avanços em vários domínios, designadamente nas áreas do trabalho e saúde”, havendo porém “pontos em que subsistem divergências já conhecidas”. Há “novas reuniões previstas” para os próximos dias, acrescenta a mesma fonte governamental. 

Já esta terça-feira, antes da reunião, António Costa apelou à “racionalidade" dos parceiros da esquerda parlamentar tendo em vista a aprovação do orçamento, com o primeiro-ministro a realçar os avanços inscritos nesta proposta orçamental. Por seu turno, também o Presidente da República voltou a alertar para a importância de se evitar uma crise política: "O desejável é que não haja crise, espero que não haja crise", disse Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro-ministro tinha também encontro marcado para hoje com o PCP.

Bloco e PCP têm acusado o Governo de não corresponder aos cadernos de encargos que cada partido colocou em cima da mesa negocial. Na noite de segunda-feira, o líder parlamentar comunista João Oliveira disse mesmo que o PCP não tem medo de ir a eleições, enquanto já esta terça-feira o secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, pediu ao executivo que apresente respostas concretas e que se deixe de "dramatizações políticas"

Entretanto, já depois da reunião da última noite com uma delegação governamental liderada pelo ministro de Estado e das Finanças, o PAN veio também somar à pressão sobre o executivo socialista, com a líder do partido, Inês Sousa Real, a avisar que "para o PAN viabilizar o documento é preciso muito mais compromissos para a especialidade". Para esta quarta-feira está prevista nova reunião com o Governo, dessa feita já com a presença de António Costa. 

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