Stress e ansiedade na gravidez

O período perinatal pode espoletar ou intensificar uma perturbação de ansiedade. Muitas vezes, não é muito fácil diagnosticar este quadro numa mulher grávida, pelo facto de ser considerado normal ela estar mais ansiosa e preocupada nessa fase.

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Mel Elías/Unsplash

A ansiedade é algo que a maior parte das pessoas experiencia por determinados momentos ao longo da vida. O problema é quando esses períodos se tornam demasiado frequentes ou de longa duração. A ansiedade e o medo ajudam-nos a lidar com os perigos que possam surgir. A ansiedade é o que nos permite dar a resposta de luta, fuga ou congelar. Contudo, nós muitas vezes estamos neste estado de alerta sem uma ameaça real e é este estado de alerta constante que traz malefícios.

A pessoa pode já ter uma predisposição para estes quadros de ansiedade e por isso tem tendência a picos de stress mais frequentes, sendo que, segundo vários estudos, existem fases da vida mais propícias a isso, como por exemplo na gravidez.

O período perinatal pode espoletar ou intensificar uma perturbação de ansiedade. Muitas vezes, não é muito fácil diagnosticar este quadro numa mulher grávida, pelo facto de ser considerado normal ela estar mais ansiosa e preocupada nessa fase. Dos poucos estudos já realizados, estima-se de 21% das grávidas apresentam sintomas de ansiedade e que destas, mais de metade mantêm a sintomatologia no período pós-parto. O que em todos os estudos já realizados é uma constante, é que a ansiedade e stress durante a gravidez provoca problemas de desenvolvimento no bebé, que se verificam, muitas vezes, a longo prazo. Verifica-se que os bebés cujas mães passaram por longos períodos de stress durante a gravidez, têm maior probabilidade de mais tarde desenvolver doenças cardiovasculares, défice de atenção, hiperactividade, quadros depressivos, entre outros.

O modo preciso como o stress afecta o bebé ainda no útero não está completamente descodificado. No entanto, está provado que afecta o metabolismo na placenta, influenciando negativamente o crescimento do feto. O cortisol (hormona do stress) que é produzido quando uma mulher grávida passa por longos períodos de stress, permanece durante todo o período de gestação e é transmitido ao feto através do líquido amniótico. Os estudos revelam que o primeiro trimestre é o período mais crítico e onde se pode notar uma maior sensibilidade a factores externos adversos, seja pelo stress, défices nutritivos, más condições sanitárias, violência doméstica, etc.. Sendo esta fase, por isso, a mais propícia para desenvolver desordens neurológicas, tais como o autismo ou a esquizofrenia.

Compreendemos então que é muito importante haver um cuidado redobrado com os quadros de ansiedade e stress. É essencial que a gravidez decorra de modo equilibrado e é muito importante que a mulher se sinta segura e saiba que pode e deve pedir ajuda se necessitar. Em muitas situações, a própria grávida não consegue tomar consciência de que está a sofrer de níveis de ansiedade mais graves e é essencial que as pessoas que a rodeiam estejam atentas e recorram a um especialista, se necessário. É um facto que em maior ou menor nível, os níveis elevados de stress e ansiedade durante a gravidez têm efeitos nefastos para o bebé e que se podem verificar a longo prazo.

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