Estação do Oriente vai ter mais três linhas e fica preparada para a alta velocidade

IP inicia processo para quadriplicar linha entre Roma/Areeiro e Braço de Prata. Obra contempla túneis de acesso à Terceira Travessia do Tejo.

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Enric Vive-Rubio

A estação do Oriente vai ser ampliada para...poente. No lado do terminal dos autocarros vão ser realizadas obras para acrescentar mais três vias férreas aquela estação, que passará das actuais oito para 11 linhas. O objectivo é aumentar a capacidade para a circulação e estacionamento de comboios da linha da Cintura e da linha do Norte, ficando também a estação preparada para acomodar os comboios de alta velocidade quando a futura linha Lisboa – Porto estiver a funcionar.

Estas são, para já, as intenções da IP – Infraestruturas de Portugal, que lançou um concurso público internacional para a contratação do “Projecto e do Estudo de Impacte Ambiental para a Quadruplicação da Linha de Cintura (Roma/Areeiro - Braço de Prata) e a Modernização da Linha do Norte (Braço de Prata – Sacavém)”.

Trata-se de um projecto que estava na gaveta desde os tempos da RAVE (empresa da Refer destinada a implementar a alta velocidade em Portugal) e que agora é recuperado no âmbito do PNI2030. Na prática, e embora a IP acentue as suas vantagens para o tráfego suburbano, pode-se dizer que este é o primeiro passo para o relançamento da alta velocidade.

As obras prevêem a quadruplicação da linha de Cintura entre as estações de Roma/Areeiro e de Braço de Prata (3,5 quilómetros) e a modernização da linha do Norte entre as estações de Braço de Prata e de Sacavém (5,5 quilómetros) que inclui a inserção de mais três vias na estação do Oriente. Segundo a IP, esta estação “vai manter a sua arquitectura actual”.

A pensar no tráfego suburbano, serão construídas novas estações em Chelas/Olaias e em Braço de Prata, bem como um novo apeadeiro em Marvila. A estação de Chelas passará a ter uma interface com a estação do Metro das Olaias.

De acordo com a IP, “estas intervenções irão permitir o aumento do número de comboios nas Linhas de Cintura, do Norte e de Sintra, nomeadamente dos suburbanos, regionais e de longo curso”, bem como “criar condições para a implementação de novos serviços de alta velocidade entre Lisboa-Oriente e Porto Campanhã”.

Além das obras, óbvias, de construção das linhas e da instalação de catenárias, este projecto implica ainda a construção de três pontes, um viaduto e dois túneis.

O viaduto será um fly-over (cruzamento desnivelado) que vai permitir ligar directamente uma das vias da linha da Cintura à estação de Braço de Prata passando por cima da linha do Norte. As pontes, a construir na zona do Vale de Chelas, serão necessárias para suportar as duas novas vias da quadruplicação da linha da Cintura. E quanto aos túneis (também na zona do Vale de Chelas) estes constituirão a primeira “amarração” à Terceira Travessia do Tejo. Não terão utilidade para já, mas, para evitar obras no mesmo local no futuro, ficam já preparados para ligar as linhas à ponte.

O mesmo aconteceu em 1966, aquando da construção da então ponte Salazar, com a inserção do túnel no Pragal para suportar o modo ferroviário. Nesse caso, foi necessário esperar 33 anos (até 1999) para a ponte, agora 25 de Abril, passar a acomodar também o caminho-de-ferro e a dar utilidade a esse túnel. O futuro dirá quantos anos esperarão estes dois túneis de Chelas para neles passarem comboios com acesso à futura ponte sobre o Tejo.

Mas atenção: este concurso público é apenas para a contratação do projecto. Tem um preço base de 9,4 milhões de euros e destina-se a encontrar a empresa que irá fazer o projecto para que estas obras se realizem.

O PÚBLICO perguntou à IP qual o prazo previsto para o início das obras, mas a empresa não se quis comprometer. Respondeu que “o concurso da empreitada será lançado após a conclusão dos estudos e projectos objecto do presente concurso” e que tanto o projecto como a obra “têm prazos compatíveis com as candidaturas a Fundos Comunitários, no âmbito do PNI2030”.

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