A cervejaria Praxis recuperou as “adormecidas” Topázio e Onyx

“Este regresso das marcas a Coimbra representa um ponto alto na história do património cervejeiro, como o bom filho que retorna a casa”, aponta Pedro Baptista, sócio-gerente da cervejaria.

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A cervejaria Praxis, de Coimbra, resgatou para o património da cidade as marcas Topázio e Onyx, que pertenciam à Sociedade Central de Cervejas, mas que já estavam a ser produzidas desde 2017 após quase três décadas “adormecidas”. Para Pedro Baptista, sócio-gerente da cervejaria situada na margem esquerda do rio Mondego, 2021 foi o ano “em que se conseguiu aquilo que há muito se almejava que era sermos proprietários de duas marcas icónicas da cidade e do património que há muito tínhamos jurado defender, que era o património cervejeiro de Coimbra”.

“Este regresso das marcas a Coimbra representa um ponto alto na história do património cervejeiro, como o bom filho que retorna a casa. E agora a nossa responsabilidade é ainda maior, pois temos de dinamizá-las e fazer com que reponham de certa forma o nome de Coimbra no mundo cervejeiro”, disse o empresário, de 41 anos, à agência Lusa.

As duas marcas, que durante décadas foram património de Coimbra e da região, foram adquiridas à Sociedade Central de Cervejas em Março, após um processo “de boas relações entre as empresas, apesar da diferença de dimensões, em que uma é uma multinacional e a Praxis uma ‘marcazinha' familiar de Coimbra”.

Salientando que se tratou de “um caminho longo, complexo, mas incrível e com um desfecho extraordinário”, Pedro Baptista sublinha que “prevaleceram as boas relações entre empresas e a transferência das marcas Topázio e Onyx (cerveja preta) acabou por suceder de forma natural”, depois de a Praxis as estar a produzir desde 2017, no âmbito de uma parceria.

“Com o desaparecimento da Topázio e da Onyx, a região sentiu-se órfã desses dois produtos. E a reacção do meu pai foi tentar criar um negócio com base no que estava a acontecer no mundo da cerveja artesanal, que é um fenómeno que começa nos Estado Unidos nos anos 1980 e que vai evoluindo para todo o mundo”, recordou. Segundo o empresário, a intenção “não era fazer [em Coimbra] uma grande indústria cervejeira, mas ter aqui um ponto de venda e fabricação de boa cerveja”.

“E a forma de o fazermos foi através da criação desta cerveja artesanal, de um projecto em que a Praxis foi o começo, para mostrar ao mundo e tornar Coimbra novamente uma referência mundial da cerveja”.

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A Topázio e a Onyx, afirmou, “são perfeitamente viáveis, são marcas com uma enorme carga emocional nas gerações e gerações de pessoas que passaram por Coimbra, estudantes e outras que viveram ou nasceram na cidade e não moram mais” na cidade. “Este é um potencial da marca de Coimbra, mas a Topázio e a Onyx são referências na história portuguesa, como da história mundial”, considerou Pedro Baptista, lembrando que as marcas nasceram na cidade na década de 20 do século XX e por ali foram produzidas até meados da década de 80.

Ainda hoje, segundo o sócio-gerente da Praxis, a região Centro é a zona do país onde se consome mais cerveja preta das grandes cervejeiras, “em grande medida devido à tradição deixada pela Onyx”.

Além da Topázio e da Onyx, a Praxis produz actualmente 15 variedades de cerveja e em 2019, antes do período pandémico da covid-19, produzia 400 mil litros anuais e facturava entre 1,5 a dois milhões de euros.

“Não temos uma estrutura comercial como têm as grandes cervejeiras, mas temos restaurantes, bares, até lojas de souvenirs, desde a Figueira da Foz à Lousã, Coimbra, Penela, Lisboa, Porto, Aveiro, onde vendem Topázio e Onyx à pressão ou em garrafa”, especificou Pedro Baptista.

Recentemente, a Imperial Stout da Praxis foi a grande vencedora da edição de 2021 do World Beer Awards em Londres, na categoria Stout & Porter, uma competição de renome que premeia as melhores cervejas a nível mundial.

Trata-se de “um feito inédito para Portugal, um país com outras tradições, não tão grande nas cervejas, que mostra que é possível a partir de Coimbra existir um produto ao nível do que melhor se faz no mundo”, sublinhou Pedro Baptista.

A cervejeira tem acoplado um negócio de restauração e possui um museu de homenagem ao património cervejeiro da cidade e da região, chegando a empregar 50 pessoas no período do Verão.

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