Associação Portuguesa de Menopausa quer levar o tema ao Parlamento

Na próxima segunda-feira assinala-se o Dia Mundial da Menopausa e a VIDAs - Associação Portuguesa de Menopausa vai lançar um inquérito às mulheres cujas conclusões poderão chegar à Assembleia da República. Para já, é tempo de festejar esta fase da vida.

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Cristina Mesquita de Oliveira é o rosto da associação Nelson Garrido/Arquivo

Foi em 2019 que Cristina Mesquita de Oliveira criou um grupo fechado no Facebook, só para mulheres. Hoje são cerca de 23 mil. Um ano depois expressava o desejo de criar uma associação que, como tantas coisas durante a pandemia, ficou suspensa até Março passado, quando a Vidas - Associação Portuguesa de Menopausa viu a luz do dia. Na próxima segunda-feira assinala-se o Dia Mundial da Menopausa, mas os festejos começam já neste sábado e prolongam-se até dia 23.

Ao longo da semana, a associação junta especialistas e personalidades para celebrar uma época que marca a vida de cerca de dois milhões de portuguesas, refere a presidente da Vidas. Segundo dados de um inquérito de 2018, divulgados pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e que envolveu mulheres entre os 45 e 60 anos, mais de metade das inquiridas (57%) afirmava que os sintomas da menopausa interferem com a sua vida diária. Além do impacto em contexto laboral, o mesmo estudo mostrava que cerca de 24% passou a ter dores nas relações sexuais e 23% redução do desejo sexual.

Quando Cristina Mesquita de Oliveira, do Porto, começou a ter sintomas de menopausa foi ao Google. “Encontrei um número disparatado de resultados relacionados com a palavra sintoma e doença. Só havia artigos médicos”, recorda. Então, procurava um espaço onde pudesse falar com outras mulheres. Como não encontrou, decidiu criar o grupo de Facebook Menopausa Divertida, em Outubro de 2019. Durante a pandemia, as publicações e acções não pararam, revela, e há cerca de 18 mil mulheres que estão activas diariamente no grupo, garante, não só residentes no continente e nas ilhas como portuguesas espalhadas pelo mundo — dos EUA à Austrália, do Brasil a Angola, enumera.

O movimento foi ganhando corpo e é agora uma associação. “É a primeira vez que acontece em Portugal uma organização de carácter não clínico totalmente dedicada à menopausa”, orgulha-se a fundadora. Agora, vai lançar um inquérito às mulheres — Cristina Mesquita de Oliveira calcula que se cada uma das 23 mil mulheres que visitam as redes sociais da associação responderem e pedirem a uma amiga que o faça também, este inquérito terá um peso significativo. O objectivo do “Inquérito de avaliação da satisfação do acompanhamento de saúde da mulher em processo de menopausa em Portugal” é levar as suas conclusões ao Parlamento, em forma de petição, para que se legisle a favor das mulheres em menopausa, protegendo-as nomeadamente em termos laborais, avança.

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Mas, para já, a primeira actividade pós-pandemia e para assinalar o Dia Mundial da Menopausa, é uma semana de actividades. Esta noite, a partir das 21h, no Facebook e no YouTube, a associação será apresentada formalmente. À presidente vão juntar-se as jornalistas Fernanda Freitas e Helena Sacadura Cabral (que gravou um vídeo previamente), além da psicóloga clínica Maria Natália Mendes, que está no projecto desde o seu início.

No domingo, o convite é para fazer uma caminhada de 51 minutos, a partir das 10h da manhã — “51 é a idade média da menopausa”, informa Cristina Mesquita de Oliveira. Trata-se de uma iniciativa que pretende juntar as mulheres, estejam elas onde estiverem, através do online pois serão feitos passatempos e podem ganhar-se prémios, acrescenta. Na segunda-feira há uma conferência online sobre “Quando a menopausa toca”, a partir das 21h, além da presidente da associação, marcam ainda presença a enfermeira Teresa Julião, a ginecologista Fernanda Geraldes que é também presidente da secção de Menopausa da SPG; e a moderação é da apresentadora Fátima Lopes.

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Terça-feira, também às 21h, a enfermeira Teresa Julião volta a antena com algumas mulheres para darem o seu testemunho sobre a osteoporose. Na quarta-feira é dia de falar sobre terapêuticas hormonais com a ginecologista e especialista em menopausa Ana Rosa Costa. A psicóloga Maria Natália Mendes chega na quinta-feira para falar sobre psicologia e menopausa. Sexta-feira, a noite é dedicada à beleza, com o apoio dos laboratórios Vichy e o evento termina no sábado com a inauguração de uma exposição de fotografia de Catarina Raimundo, às 18h, na Fundação Caixa Agrícola, em Santiago do Cacém, mas também online. A fotógrafa e uma das associadas da Vidas registou os “Rostos da Menopausa21”. 

“Queremos dar a volta ao mundo da menopausa em Portugal e fazer desta fase da vida um prazer de viver, esclarecida, compreendida, apoiada e acarinhada por todos, desde os organismos do Estado, até às instituições políticas, de saúde, empresariais e de lazer. Porque a menopausa não é coisa de família e impacta directamente a sociedade em termos pessoais, económicos e laborais”, conclui Cristina Mesquita de Oliveira.

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