Sebastian Kurz demite-se da chefia do Governo austríaco

O chanceler conservador enfrentava vários pedidos para abandonar o cargo depois de ter passado a ser alvo de uma investigação por suspeitas de corrupção.

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Sebastian Kurz liderava um governo de coligação entre os conservadores do ÖVP e os Verdes CHRISTIAN BRUNA / EPA

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, anunciou este sábado a demissão como chefe de Governo, na sequência da abertura de uma investigação por suspeitas de corrupção.

Para chefiar o Governo, Kurz sugeriu o actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Schallenberg, um diplomata de carreira sem filiação partidária, e disse que irá passar para a liderança da bancada parlamentar do Partido Popular (ÖVP, conservador).

Kurz enfrentava uma enorme pressão, sobretudo dos Verdes, parceiros do ÖVP na coligação governamental, que exigiam o seu afastamento e se preparavam para apoiar uma moção de censura que poderia fazer colapsar o Governo. O próprio Presidente, Alexander van der Bellen, que tem poder para afastar o chanceler ou demitir o Governo, tinha mostrado algum descontentamento com a sucessão de casos a envolver o chefe do executivo.

“Tenho expectativas diferentes em relação ao comportamento daqueles em posições de responsabilidade política”, afirmou, num discurso em que não referiu Kurz directamente.

Esta semana, Kurz e outros nove dirigentes do ÖVP passaram a estar formalmente investigados pela unidade anticorrupção do Ministério Público. Em causa está a suspeita de que fundos do Estado para publicidade institucional possam ter sido usados para influenciar um jornal a publicar uma sondagem favorável ao chanceler. A sede do partido também foi alvo de buscas nos últimos dias.

A estas suspeitas juntam-se outras sobre Kurz de que terá mentido durante um depoimento perante uma comissão parlamentar que investigava o chamado “vídeo de Ibiza”, que envolveu o seu vice-chanceler e parceiro de coligação (do partido de extrema-direita FPÖ) e fez cair o governo em 2019. 

O ÖVP nega todas as acusações e diz que os procuradores estão a agir politicamente para prejudicar Kurz. O partido tinha dito que abandonaria o Governo se o chanceler se demitisse, no entanto, Kurz disse ter pedido aos ministros conservadores para se manterem nos cargos.

“O meu país é mais importante para mim do que a minha pessoa”, declarou.

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