Bastonário da Ordem dos Médicos diz que é competência do Governo resolver a situação do Hospital de Setúbal

O director clínico do hospital, Nuno Fachada, demitiu-se esta semana. Para Miguel Guimarães, a situação que se vive naquela unidade é “grave” e apela à acção do Governo.

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Sara Jesus Palma

O Bastonário da Ordem dos Médicos apelou ao Governo que resolva os problemas do Hospital de Setúbal, que se vê a braços com a possível saída dos directores de todos os serviços. Miguel Guimarães diz estar a acompanhar a situação de perto e “com muita preocupação”. “O hospital tem de ter uma intervenção urgente e especial”, afirma, em entrevista à SIC Notícias neste sábado.

Por enquanto, “a única demissão” que o bastonário tem conhecimento é “a do director clínico do hospital, Nuno Fachada”, que se demitiu na passada quinta-feira. Para Miguel Guimarães, o clínico “tem feito um trabalho extraordinário para tentar resolver os problemas” daquela unidade de saúde — ainda que a situação se mantenha “igual”.

Após uma reunião com a administração, o director clínico e directores dos vários serviços, o bastonário da Ordem dos Médicos afirma que a situação de rotura nas urgências, com dificuldades nas escalas, entre outras questões, se mantém.

“Há cerca de duas semanas, encontrámos 47 doentes em macas no serviço de urgência. Isto é de uma indignidade para os cidadãos de Setúbal e para os potenciais doentes”, afirma Miguel Guimarães.

É “inacreditável” não haver condições para os médicos, enfermeiros e doentes: “Continuamos a ter problemas a nível de várias especialidades. O serviço de oncologia, que já teve oito especialistas, neste momento tem dois”, explica, o que significa que “uma grande parte dos doentes oncológicos acabam por ter de ser tratados noutros sítios”. “Ou seja, a população de Setúbal, capital de distrito, não tem um serviço que dê saída à maior parte dos doentes.”

O mesmo acontece com o serviço de obstetrícia, que segundo o mesmo, já teve 21 especialistas e agora tem 11, oito dos quais com mais de 57 anos — o que quer dizer que podem deixar de fazer urgência e obrigando a um encerramento deste serviço. “É uma situação grave. Não podemos fechar os olhos a isto.”

“Estamos numa altura em que se estão a discutir orçamentos, a discutir estratégias no sentido de reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este reforço deve passar por aqui, pelos hospitais com mais dificuldades”, reforça. “Com o orçamento e com o PPR é a altura certa para o Governo fazer aquilo que anda a prometer: reforçar de forma substancial o SNS, reforçar as infra-estruturas e o capital humano.”

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