Toy, álbum perdido de David Bowie, terá edição oficial em Janeiro

Gravado em 2000 e mantido na prateleira devido a tensões com a editora, reúne regravações de canções do seu início de carreira a música registada no calor do momento. Antes, em Novembro, chegará a caixa David Bowie 5. Brilliant Adventure (1992-2001).

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Toy foi gravado na sequência do entusiasmo gerado pela actuação de Bowie no festival Glastonbury de 2000 REUTERS/BRAD RICKERBY

Nasceu num ímpeto, após a actuação de David Bowie no festival de Glastonbury em 2000, e resultou mesmo num álbum. Porém, aquela recuperação de velhas canções de início de carreira, nos anos 1960, juntando-lhes novos temas e gravando à antiga, ao vivo no estúdio, acabou por ser posta de parte pela editora. Toy, assim se intitulava o álbum, manteve-se escondido até surgir em bootleg online em 2011. A 7 Janeiro de 2022 conhecerá, por fim, edição oficial, anunciou esta quarta-feira a Warner Music.

O lançamento insere-se na sequência de reedições e novas edições de material antigo, ao vivo e em estúdio (em Julho, por exemplo, foi lançado The Width of a Circle, que resume o 1970 de Bowie em singles e actuações em rádio e televisão), que se vem sucedendo desde a morte de David Bowie em 2016. Antes de Toy, de resto, chegará às lojas David Bowie 5. Brilliant Adventure (1992-2001). Como o título indica, é o quinto volume da série que vem fazendo a cronologia da carreira do autor de Starman. A caixa disponível em duas versões (em CD, com 11 discos, e em vinil, com 18) inclui versões remasterizadas dos álbuns Black Tie White Noise, a banda-sonora da série televisiva The Buddha of Suburbia, 1. Outside, Earthling e Hours, bem como o álbum ao vivo BBC Radio Theatre, London, June 27, 2000 (em versão agora aumentada) e Re:Call 5, compilação de lados B, trabalho para bandas sonoras e versões alternativas de canções incluídas nos álbuns. Também Toy será incluído na caixa, que tem edição marcada para 26 Novembro. Mês e meio depois, chegará a edição dedicada em exclusivo ao álbum perdido de 2001.

Em 1999, no contexto de um episódio do então célebre programa VH-1 Storytellers, David Bowie recuperou uma canção do seu catálogo anterior ao sucesso de Space oddity. Escolheu Can’t help thinking about me, originalmente editada em 1966 e a experiência foi satisfatória ao ponto de encontrarmos a canção no alinhamento da sua digressão seguinte. Toy nasce, depois da celebrada actuação no Glastonbury 2000, da vontade de expandir a experiência, recuperando outras canções do passado, como por exemplo Liza Jane, o seu primeiro single, editado quando David ainda não era Bowie, mas sim Davie Jones with the King Bees, e misturando-as com material criado no calor do momento. You've got a habit of leaving, cuja edição original aconteceu em 1965, com o então Davy Jones acompanhado pela sua banda da altura, os Lower Third, é o single de apresentação de Toy

A ideia de editar o álbum de surpresa, sem pré-aviso, levou a um jogo de tensão com a editora e, por fim, a que Toy fosse deixado na prateleira enquanto Bowie aproveitava algum do material e avançava para novo projecto – Heathen seria editado em 2002. A edição oficial de Toy acontecerá, duas décadas depois da sua gravação, numa caixa em duas versões (três CD ou seis LP) em que, além do álbum gravado por Bowie com a sua banda, formada então por Mark Plati, Sterling Campbell, Gail Ann Dorsey, Earl Slick, Mick Garson, Holly Palmer e Emm Gryner, surgem os habituais extras em forma de temas não incluídos no alinhamento final, versões alternativas das canções e curiosidades como a chamada Tibet version de Silly boy blue – uma das canções antigas regravadas – em que Bowie é acompanhado por Philip Glass ao piano e Moby na guitarra.

Mark Plati, que foi também o produtor do álbum, descreve Toy como “um momento captado em alegria, fogo e energia": “É o som de pessoas felizes por estarem a tocar. O David revisitou e reexaminou os seus trabalhos de há décadas através de prismas de experiência e de novas perspectivas – um paralelo do qual me apercebi ao revisitá-los agora, 20 anos depois. De vez em quando, ele dizia-me: ‘Mark, este é o nosso álbum’ – acho que ele sabia que eu estava tão envolvido naquela viagem como ele. Fico feliz por poder dizer que agora é o álbum de todos nós.”

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