Ventura afirma que CDS e PSD terão, afinal, que falar com o Chega. Em Lisboa e não só

“Portugueses não aceitarão um Governo sem o Chega”, é a conclusão de Ventura destas autárquicas, que lembra que o partido esmagou BE, PAN e IL e elegeu vereadores que vão desempatar concelhos.

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LUSA/HUGO DELGADO

“Esmagámos com uma mão o PAN, o Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal em Portugal”, disse esta madrugada André Ventura, para quem o resultado do Chega nas autárquicas converteu o partido numa “voz incontornável”, mesmo para quem decidiu excluí-lo. Referia-se a PSD e CDS, que fizeram um acordo de coligação geral no qual recusaram incluir o Chega. “Quem falará por último e quem ficará a sorrir?”, atirou Ventura que optou por passar a noite eleitoral em Braga.

O líder do Chega fez questão de falar depois de Rui Rio falar ao país. Esteve à espera, resistiu e esteve quase a falar quando Rio iniciou a sua intervenção - ouviram-se gritos de júbilo, no espaço onde esteve recolhido, quando o líder do PSD acabou por falar primeiro ao país.

Ventura destacou os 12, 13, 14, 15, 17 – o número foi crescendo durante o discurso – vereadores eleitos na Azambuja, Benavente, Entroncamento, Cascais, Mangualde, Moura, Portimão, Salvaterra de Magos, Santarém, Seixal, Vila Verde, vincando que alguns terão o poder de desempate nos seus concelhos. Referindo-se a Lisboa, avisou que o Chega não será “muleta de PSD e CDS”, mas também disse que tudo faria para que Fernando Medina – um putativo sucessor de António Costa, vincou – deixasse de governar Lisboa.

Garantiu que o país passa agora a ter no Chega “a voz da verdadeira oposição”, e que “o país não compreenderá e não aceitará um Governo sem o Chega”. Os apoiantes cantavam “Pouco importa, se eles falam bem ou mal, só queremos Ventura, a mandar em Portugal”.

As eleições eram locais, mas a leitura que o Chega optou por fazer delas foi nacional. O líder do partido, André Ventura, não foi eleito presidente da Assembleia Municipal de Moura (Beja) mas conseguiu aqui cerca de 25% dos votos.

André Ventura congratulou-se sobretudo por o Chega, com dois anos, ter ultrapassado nestas autárquicas o Bloco de Esquerda, com 25 anos e 19 deputados, e “ir agora atrás” do PCP, com 46 anos de implantação autárquica. “Sabemos que somos a terceira força nacional em grande parte do país”, insistiu.

“Um abraço especial para o BE, que perdeu o vereador no Seixal, justamente para o Chega”, atirou sarcástico, para no mesmo registo dedicar o resultado autárquico àqueles que queriam ilegalizar o partido.

Antes, em reacção às primeiras projecções, afirmara que já tinha uma certeza: que o país acordaria hoje “com o Chega em todo o território nacional”.

O Chega passou a noite eleitoral num centro de eventos (sobretudo casamentos) de Braga, próximo do santuário do Sameiro. Com mais crianças pequenas na sala do que habitual nestas andanças, e com muitas pessoas musculadas – o que terá a ver com a circunstância de a candidata do Chega à Câmara de Braga, Eugénia “Jenny” Santos ser personal trainer –, Ventura insistiu nas ideias de força e confiança no futuro próximo.

À chegada a Braga, André Ventura justificou a escolha desta cidade para a noite eleitoral com a preocupação de descentralizar a vida política e com a modéstia: não estava em Moura porque estas eleições não eram sobre “o André”.

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