We always have … Draghi

Há um novo player no jogo europeu com o qual quase nos esquecemos de contar, de tal modo tinha estava afastado do jogo. Mario Draghi está a operar uma profunda transformação em Itália, que não se limita à política interna.

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1. Por mais estranho que possa parecer, poucas vezes se ouviu falar da União Europeia na campanha eleitoral alemã. É pena. Há uma lista infindável de problemas que a Europa não pode continua a adiar, se quer fortalecer a sua unidade e desempenhar um papel relevante num mudo em acelerada transformação. Como escreve Judy Dempesy no site do Carnegie Europe, uma dessas questões inadiáveis, sobre a qual a Alemanha tem de tomar algumas decisões, diz respeito à segurança e defesa. Dempsey é particularmente crítica da forma como a chanceler ignorou deliberadamente essas as questões – no quadro da NATO e da União Europeia. Deixou as coisas correrem. Nunca respondeu às propostas da França sobre a criação de uma capacidade militar europeia autónoma da NATO, que permitisse aos europeus defender os seus interesses específicos ou agir na sua vizinhança mais próxima, hoje profundamente instável. Quanto à NATO, sem nunca pôr em causa a importância dos EUA na garantia de segurança europeia, preocupou-se muito pouco com a modernização do Exército alemão ou com o cumprimento da meta de 2 por cento para os orçamentos da defesa dos países aliados, aprovada por unanimidade numa cimeira da Aliança, em 2014. Deixou a defesa nas mãos de Ursula Von der Leyen e Annegret Kremp-Karrenbauer – que foram as duas primeiras candidatas a suas “sucessoras” na liderança da CDU, antes de Armin Lachet. Houve, naturalmente, o choque de Trump, que levou os europeus a olhar para a sua dependência da NATO, ou seja, dos EUA, com olhos bastante mais preocupados. Ainda acreditaram que a chegada de Joe Biden à Casa Branca restauraria automaticamente os bons velhos tempos. Ignoraram a viragem estratégica dos EUA para o Indo-Pacífico, desenhada ainda no tempo de Obama, bem como todos os avisos feitos por todos os presidentes desde o fim da Guerra Fria de que teriam de “partilhar o fardo” da sua segurança mais equitativamente com os EUA. De repente, a saída abrupta do Afeganistão e o novo pacto de segurança entre os EUA, o Reino Unido e a Austrália (AUKUS) lançaram uma onda de choque, como se nada disso fizesse sentido ou fosse imprevisível.

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