As saudades que eu já tinha de levantar voo para depois poder aterrar nos teus braços

Por curiosidade, fui perguntar e também espreitar pelas redes alguns amigos viajantes em primeiras viagens após muito tempo, pelo menos desde Março de 2019. A situação é a mesma: agora, e para já, mais importante do que só o destino, as questões e conversações giram acima de tudo sobre A Viagem...

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Paulo Pimenta

Quase dois anos depois, fui finalmente voar. Vendo bem, apesar dos pesares, nem tanto tempo assim de distância entre uma viagem e outra. Mas, por algum motivo que a ciência explicará, dei por mim a ter pequenos ataques de alegria como se viajasse pela primeira vez, a alargar o sorriso sob a máscara ao ver velhos e novos a abraçarem-se com alegres “olás” ou emocionais “até jás”, um casal a correr para os braços um do outro e dar um repenicado beijo (ainda sobre as máscaras, curiosamente), ao ver expectativas e nervos nos rostos e corpos de quem aguardava nas partidas. Mais álcool-gel e máscaras, mais certificados e testes, mais segurança e controlos, mais formulários e dilemas, o certo é que dei por mim absolutamente surpreendido com o prazer daqueles nervozinhos que acompanham toda uma viagem, com o prazer dos pequenos gestos, antes rotineiros e que agora, recuperados, parecem adquirir uma outra carga, uma carga de reconquista, de renovação, de redescoberta importância. Tanto que, ao aterrar em Portugal na volta, as primeiras perguntas de amigos e famílias não foram sobre o destino, passado agora para segundo plano, foram sobre A Viagem, as suas manhas e artimanhas, os detalhes, os de sempre e os novos.

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