Um desenho do artista neerlandês Vincent van Gogh (1853-1890), encontrado numa colecção particular, onde foi conservado durante mais de 100 anos, foi mostrado esta quinta-feira pela primeira vez ao público no Museu Van Gogh, em Amesterdão, nos Países Baixos.

“É a primeira vez que este desenho é exibido. Nunca havia sido exposto em nenhum lugar. Vem de uma colecção privada neerlandesa onde esteve muito tempo e é a primeira vez que pode ser visto”, disse à agência de notícias AFP um especialista do museu, Teio Meedendorp. Trata-se de Study for Worn Out (Estudo da exaustão, em tradução simples), um pequeno estudo feito a lápis em Novembro de 1882, um período menos conhecido da obra do pintor, mas que desperta uma atenção crescente.

Os donos do quadro, descendentes de uma família neerlandesa que o adquiriu em 1910, pediram ao museu para autenticá-lo. Os especialistas confirmaram que se tratava mesmo de uma nova obra a ser registada no vasto património de Van Gogh, uma situação bastante rara, de acordo com a directora do museu de Amesterdão, Emilie Gordenker. “Estamos orgulhosos por partilhar este desenho e a sua história com os nossos visitantes”, realçou.

Study for Worn Out vai ficar exposto no museu até 2 de Janeiro de 2022, sendo depois devolvido à família que o emprestou, e que preferiu manter o anonimato.

O desenho representa um velho camponês curvado numa cadeira de madeira a segurar a cabeça com as mãos. O Museu Van Gogh já tinha outra obra semelhante no seu acervo, com o título Worn Out (Camponês desgastado).

Graças às cartas enviadas por Van Gogh ao seu irmão Theo, os especialistas sempre suspeitaram que houvesse uma segunda versão do Worn Out, mas sem saber que essa obra ainda existia. Descobrir o desenho foi “uma grande surpresa” e “um golpe de sorte”, afirmou Teio Meedendorp.

Os dois desenhos fazem parte de uma série de “centenas e centenas” de esboços feitos por Van Gogh, quando morou em Haia e foi vendedor de arte.

A investigação para autenticar Study for Worn Out foi facilitada pelo facto de ele nunca ter saído da posse da mesma família, passando de geração em geração, depois de ter sido comprado no início do século XX a um conhecido coleccionador, Henk Bremmer. A qualidade do papel, o tipo de lápis de carpinteiro e até os traços característicos da maneira como o artista pendurou o papel na prancheta forneceram provas complementares para a autenticação.