Marcelo – palavras de ferro ou de malabarista?

O caso do ataque covarde ao presidente da Assembleia da República exigia do mais alto magistrado da nação outra atitude, mas Marcelo é Marcelo, sempre enredado em jogos e mais jogos e mais jogos, un jongleur.

Marcelo declarou, em Roma, na terça-feira, que a ignomínia levada a cabo pela turba de arruaceiros contra o presidente da Assembleia da República, quando almoçava com a esposa, é um caso de justiça e não comentava.

Dando o dito por não dito, comentou, acrescentando que em Portugal a esmagadora maioria da população é a favor da vacina e a hiperbolização das minorias não pode esconder esse facto.

Foi o que a mais alta figura do Estado disse sobre as ameaças, os insultos, as ofensas e as provocações feitas à segunda figura mais relevante do Estado.

Marcelo sabe, não pode deixar de saber, e desse facto tem consciência, que o sucedido nada tem a ver com o facto de haver uma minoria de portugueses que não se vacinam e que o episódio frente ao restaurante é um insulto à imensa maioria dos que se querem vacinar e rejeitam liminarmente aquele tipo de violência.

O grupo que já se tinha perfilado atrás de um senhor juiz igual a ele, insultando e dando-se ares de ser superior, ofendeu e ameaçou de modo grave Ferro Rodrigues.

A turba não se limitou, no exercício do seu direito de se exprimir, manifestar e reunir, a expor as suas ideias sobre o “malefício” das vacinas, o que as leis portuguesas lhe permitem. Nada disso. O grupo insultou Ferro Rodrigues, ameaçou-o de o perseguir até ao fim dos dias e em relação ao dono do restaurante de ficar marcado para sempre. É um ataque brutal ao Estado de Direito democrático na pessoa do Dr. Ferro Rodrigues.

Uma minoria deve poder expressar as suas ideias dentro do quadro legal vigente. Quer a maioria, quer a minoria não têm o direito de saltar por cima das leis, violá-las e ameaçar seja quem for.

A mais alta figura do Estado, professor de Direito Constitucional, não pode e não deve confundir maiorias e minorias com condutas criminosas de turbas arruaceiras de duas ou três dezenas de associados na maldade quimicamente pura.

Ao fazê-lo, Marcelo, o Presidente da República, está a prestar um péssimo serviço às instituições da República, desde logo àquela que lhe deu posse e onde jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição.

Este grupo de foras da lei aterroriza sem sentido e merecia de Marcelo um comentário bem diferente e que, infelizmente, deixou no vazio da sua mente.

Marcelo é o que é, esteja onde estiver, ocupe o cargo que ocupar. Poder-se-ia então concluir pela sua coerência, o que não corresponderia à verdade dos factos. Diz que não vai opinar e opina. Toda a sua vida foi feita de ziguezagues, uns estonteantes e muito comprometedores, outros próprios de menino traquinas e destemperado. Balsemão classificou-os nas suas memórias.

O caso do ataque covarde ao presidente da Assembleia da República exigia do mais alto magistrado da nação outra atitude, mas Marcelo é Marcelo, sempre enredado em jogos e mais jogos e mais jogos, un jongleur.

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