Qual era a altura de Miguel Ângelo? Um par de chinelos pode dar a resposta

Para a descoberta, os investigadores utilizaram três sapatos que se acreditam pertencer ao artista.

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Para o estudo, os investigadores analisaram três sapatos encontrados na casa do artista renascentista Casa Museo Buonarroti / Anthropologie

Foi através de um par de sapatos e de um chinelo que os investigadores conseguiram calcular a altura de Miguel Ângelo, o génio italiano renascentista. O paleopatologista Francesco M. Galassi e a antropóloga forense Elena Varotto, do Centro de Pesquisa em Antropologia Forense, Paleopatologia e Bioarqueologia (FAPAB) em Avola, em Itália, chegaram à conclusão que o artista tinha cerca de 1,60 metros de altura.

Hoje, a altura média de um homem italiano é de pouco mais de 1,70 metros. Mas, há 500 anos, os homens europeus eram, em média, um pouco mais baixos, o que significa que o dono dos sapatos provavelmente não era considerado pequeno para os padrões da época em que viveu. “Esta média é compatível com a média do período cronológico que vai da Idade Média ao Renascimento”, escreveram os especialistas no artigo publicado na revista Anthropologie.

Os sapatos, que estão expostos na Casa Buonarroti e que os investigadores acreditam pertencer ao artista, foram essenciais para que se conseguisse desvendar mais informações sobre a vida e a aparência do artista. Assim, foram examinados um par de sapatos de couro, com um design simples, e um único chinelo — o seu par desapareceu em 1873 —, igualmente simples.

Os investigadores calculam que Miguel Ângelo media 1,60 metros Casa Museo Buonarroti / Anthropologie
Os investigadores calculam que Miguel Ângelo media 1,60 metros Casa Museo Buonarroti / Anthropologie
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Os investigadores calculam que Miguel Ângelo media 1,60 metros Casa Museo Buonarroti / Anthropologie

Este é o primeiro estudo a tentar estimar os atributos físicos de Miguel Ângelo, mas é importante realçar que os investigadores não conseguiram examinar os restos mortais do génio, que repousam na Basílica de Santa Croce, em Florença. Em vez disso, confiaram apenas nos sapatos, que poderiam, eventualmente, pertencer a uma outra pessoa da casa. No entanto, estes são dos poucos objectos pessoais ligados ao artista.

“Uma exumação [desenterrar o cadáver] incluindo uma análise antropológica e paleopatológica completa dos restos mortais de Miguel Ângelo [...] pode finalmente verificar a exactidão de várias hipóteses sobre as suas características corporais e patológicas”, observaram os pesquisadores. Mas é improvável que esse tipo de avaliação aconteça tão cedo.

Giorgio Vasari, na biografia do artista, afirma que Miguel Ângelo era “de estatura medíocre, ombros largos, mas bem proporcionado com o resto do corpo”, o que vem confirmar as conclusões deste estudo.

O trabalho de Galassi e Varotto não acaba aqui: os investigadores estão ainda a realizar outros estudos para conseguirem compreender melhor a vida de Miguel Ângelo. Um dos grandes objectivos da equipa é descobrir as causas da morte do artista, uma vez que não foi realizada uma autópsia aos restos mortais.

Miguel Ângelo morreu em Roma, no dia 18 de Fevereiro de 1564, na sua casa em Piazza Macel de Corvi. Segundo consta, o corpo foi encontrado pelo seu sobrinho Lionardo e transportado para Florença.

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