Biden e Xi quebram silêncio de meses para discutir a necessidade de evitar o conflito

Os Presidentes norte-americano e o chinês tiveram uma “discussão abrangente e estratégica”, incluindo sobre “áreas onde os nossos interesses convergem, e áreas onde os nossos interesses, valores e perspectivas divergem”, declarou a Casa Branca.

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Foi a segunda conversa entre os dois chefes de Estado desde a tomada de posse de Joe Biden Oliver Contreras / POOL / EPA

O Presidente norte-americano, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, falaram por telefone pela primeira vez em sete meses para discutir a importância de garantir que a competição entre os dois países não escala para o conflito num dos momentos mais baixos da relação entre os dois países em décadas, marcado pela tensão em torno de Taiwan e do mar do Sul da China.

Depois de tentativas de diálogo infrutíferas entre responsáveis chineses e norte-americanos, os dois chefes de Estado conversaram pela segunda vez desde a tomada de posse de Biden. O diálogo insere-se no “esforço contínuo dos EUA em gerir de forma responsável a competição” entre os EUA e a China”, onde Biden enfatizou “o interesse duradouro dos EUA na paz, estabilidade e prosperidade do Indo-Pacífico e do mundo”, refere uma declaração da Casa Branca

Durante 90 minutos os dois líderes debateram a sua responsabilidade conjunta em garantir que a competição não “escala para o conflito”, numa “discussão abrangente e estratégica”. Foram abordadas as “áreas onde os nossos interesses convergem, e áreas onde os nossos interesses, valores e perspectivas divergem”, tendo Biden e Xi Jinping concordado em empenharem-se “abertamente e de forma clara”, lê-se no comunicado. 

A imprensa chinesa, por sua vez, avançou que a conversa foi “sincera” e “aprofundada”. O Presidente chinês salientou que a política dos EUA em relação à China criou grandes entraves nas relações entre os dois países. Mas Pequim também pretende evitar o confronto.

Disse ainda que o futuro do mundo dependia de um bom entendimento entre os EUA e a China. “Esta é a questão do século à qual os dois países devem responder”, notaram os media chineses.

O Presidente norte-americano procurou encontrar áreas onde fosse possível a cooperação, tal como Xi Jinping enumerou possíveis áreas de interesse comum, como as alterações climáticas, a resposta à pandemia e questões económicas.

Os grandes pontos de tensão permanecem. Biden reforçou a oposição a determinados aspectos da conduta de Pequim, como a violação dos direitos humanos na província chinesa de Xinjiang e a repressão em Hong Kong, matérias de cibersegurança, a resposta à pandemia e as práticas comerciais que a Casa Branca cunhou de “coercivas e injustas”.

A chamada telefónica veio no seguimento de conversações entre responsáveis chineses e norte-americanos, em que os EUA tentaram estabelecer um caminho para prevenir que a tensa competição entre os dois países não se intensificasse ao ponto do conflito. Mas as discussões não deram frutos.

“Sem vontade política [vinda] do topo de ambos os Governos, é impossível qualquer estabilização das relações, ou qualquer progresso em direcção à cooperação em interesses mútuos como o clima e a pandemia”, disse Myron Brilliant, vice-presidente executivo e dirigente dos assuntos internacionais da Câmara de Comércio dos EUA. “Começa com os dois líderes a acordarem um plano para trabalharem juntos em áreas de interesse”.

A próxima etapa de diálogo, continuou Brilliant, precisaria de ser suportada por “medidas concretas para um empenho mútuo em áreas que os dois lados também têm diferenças e desafios”, como o comércio e tecnologia.

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