Investigador da UMinho descobre tratamento que retarda envelhecimento da coluna

Experiência em ratinhos recorreu a fármacos que ajudam a preservar células que diminuem o risco de degeneração do disco intervertebral

Foto
Paulo Pimenta

 Um investigador da Universidade do Minho (UMinho) descobriu um tratamento que retarda o envelhecimento dos discos da coluna vertebral, uma das principais causas do aparecimento de dor de costas. Num comunicado de imprensa sobre este projecto, o investigador e médico da UMinho Emanuel Novais explica que em causa está um tratamento com medicamentos senolíticos, que faz com que as células boas permaneçam e as “más” sejam eliminadas, acabando por atrasar a degeneração dos “discos”.

Para Emanuel Novais, as soluções e tratamentos actualmente disponíveis são “ainda escassos e nem sempre com os melhores resultados”. “As soluções que temos disponíveis são a redução da dor com analgésicos ou, em casos mais graves, a intervenção cirúrgica. Ou seja, não há nenhum medicamento que possa impedir a evolução da doença e ser uma solução terapêutica”, refere.

O investigador, durante a sua tese de doutoramento e através de uma investigação na Universidade Thomas Jefferson (EUA), resolveu explorar diferentes formas de aliviar a degeneração do disco intervertebral. Segundo diz, este foi o primeiro estudo a realizar um tratamento de longa duração com senolíticos (fármacos que matam selectivamente as células mais velhas preservando as vizinhas mais novas num tecido) em ratinhos.

“Os resultados indicam que os animais tratados com estas drogas apresentam menor grau de degeneração do disco intervertebral com o envelhecimento. Além disto, tiveram melhorias significativas a nível da força muscular, inflamação no sangue e qualidade do osso. Por último, não observamos efeitos secundários que nos alertem para a falta de segurança no uso destas drogas”, afirma.

Para Emanuel Novais, a “grande chave” do projecto foram os fármacos senolíticos, mais especificamente um cocktail de duas substâncias (Dasatinibe e Quercetina), que permitiram remover e diminuir as células senescentes no disco e, desta forma, reduzir o stresse que estas células induziam localmente. “Ou seja, ao fazer com que as células boas permaneçam e as “más” sejam eliminadas, acabamos por atrasar a degeneração do disco”, acrescenta.

Emanuel Novais finalizou recentemente a sua tese de doutoramento, em que este trabalho também se enquadra, fruto do MD/PhD, um programa em que estudantes de Medicina da Universidade do Minho podem fazer uma pausa no curso e tirar um doutoramento em duas universidades estado-unidenses (Thomas Jefferson e Columbia), podendo terminar o curso como médicos e doutorados.

Sugerir correcção
Comentar