Covid-19: ECDC diz que não há necessidade urgente de dar doses de reforço de vacinas na UE

Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças defende que a preocupação da União Europeia deve continuar a ser “fornecer a todos os indivíduos elegíveis o regime de dose recomendada”.

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Nuno Ferreira Santos

O Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) defendeu esta quarta-feira não existir “necessidade urgente” de administrar doses de reforço da vacina anticovid-19, dado que os fármacos aprovados na Europa são “altamente protectores” contra doença grave.

“As provas disponíveis neste momento relativamente à eficácia da vacina no “mundo real” e à duração da protecção mostram que todas as vacinas autorizadas na UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] são actualmente altamente protectoras contra a hospitalização relacionada com a covid-19, doenças graves e morte, sugerindo que não há necessidade urgente de administrar doses de reforço de vacinas a indivíduos totalmente vacinados na população em geral”, indica o ECDC num estudo divulgado esta quarta-feira.

No documento com “Considerações provisórias de saúde pública para o fornecimento de doses adicionais de vacina anticovid-19”, o centro europeu admite, porém, “a opção de administrar uma dose adicional de vacina a pessoas que possam ter uma resposta limitada ao ciclo primário de vacinação”, o que “já deve ser considerado agora”.

Aqui incluem-se “algumas categorias de indivíduos imunodeprimidos, por exemplo, receptores de transplante de órgãos sólidos”, precisa a agência europeia de aconselhamento aos países.

A posição é reforçada pelo director do departamento de Vigilância do ECDC, Bruno Ciancio.

“De momento, não há absolutamente nenhuma prova que mostre que a terceira dose é necessária para todos. A nossa posição é de que, basicamente, as pessoas que provavelmente nunca responderão ao ciclo de vacinação com duas doses podem precisar realmente de uma terceira dose, mas não como um reforço, antes como uma conclusão do seu ciclo inicial e estou a falar de pessoas que são imunodeprimidas”, afirma o director em entrevista à agência Lusa.

Bruno Ciancio refere que as pessoas imunodeprimidas “podem não responder bem às duas doses normais do ciclo de vacinação e podem precisar de uma terceira dose para completar o ciclo inicial”. Ainda assim, isso é “muito diferente de dar realmente um reforço, que presume que [a pessoa] tenha respondido ao primeiro ciclo, mas depois a sua imunidade tenha diminuído”. Na opinião do responsável do centro europeu, esse reforço “não é a abordagem correcta" – pelo menos por agora.

“Pode ser que venha a ser, pode ser o caso nos próximos meses. Quando virmos dados da Europa sobre a eficácia da vacina ao longo do tempo e se observarmos que a eficácia da vacina diminui com o tempo, então aí seria uma abordagem útil dar a dose de reforço, mas esse não é ainda o cenário na Europa”, considera Bruno Ciancio.

O estudo divulgado pelo ECDC indica ainda que para estes grupos mais vulneráveis “deve ser considerada a vacinação completa contra a covid-19 de todos os contactos familiares elegíveis e contactos próximos, incluindo profissionais que prestam cuidados”.

Na que toca à população em geral, “fornecer a todos os indivíduos elegíveis o regime de dose recomendada deve continuar a ser a prioridade actual dos programas de vacinação anticovid-19 na UE e EEE”, adianta o organismo no relatório.

Em Portugal, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitiu na semana passada a administração de uma terceira dose da vacina anticovid-19 a estes dois grupos populacionais.

“A questão da terceira dose tem duas componentes: para os imunodeprimidos é uma outra oportunidade de ficarem imunizados; para as pessoas que tiveram a sua vacinação, mas porque são velhos, doentes ou terem outra condição que não os deixou duradouramente protegidos, está a ser equacionado um reforço”, afirmou a responsável na altura.

Posição semelhante manifestou esta quarta-feira o director do departamento de Vigilância do ECDC, Bruno Ciancio, que em entrevista à agência Lusa afirma que, “de momento, não há absolutamente nenhuma prova que mostre que a terceira dose é necessária para todos”.

“A nossa posição é de que, basicamente, as pessoas que provavelmente nunca responderão ao ciclo com duas doses podem precisar realmente de uma terceira dose, mas não como um reforço, antes como uma conclusão do seu ciclo inicial e estou a falar de pessoas que são imunodeprimidas”, acrescenta o responsável, que contribuiu para o estudo do ECDC hoje publicado.

Actualmente, 70% da população adulta da UE já foi inoculada com duas doses de vacina contra a covid-19, num total de mais de 250 milhões de pessoas totalmente vacinadas. Estão aprovadas quatro vacinas anticovid-19 pelo regulador da UE: a Comirnaty (nome comercial da vacina Pfizer/BioNTech), Spikevax (nome comercial da vacina da Moderna), Vaxzevria (fármaco da AstraZeneca) e Janssen (grupo Johnson & Johnson).

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