Para já, Portugal vai acolher 50 refugiados do Afeganistão

Ministro dos Negócios Estrangeiros afirma que taliban têm de dar provas: “Por agora, só são palavras.”

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Chefe da diplomacia de Portugal mostra-se prudente quanto ao Afeganistão LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Portugal vai acolher, para já, 50 refugiados do Afeganistão, 30 que colaboraram com a NATO e os restantes que cooperaram com os serviços da União Europeia, revelou na noite desta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

“Vamos receber imediatamente”, disse o chefe da diplomacia portuguesa, referindo-se a esta meia centena de cidadãos afegãos que nos últimos 20 anos colaboraram com a comunidade internacional. “Portugal está disponível para colaborar neste primeiro esforço”, reiterou.

Em relação ao futuro, Santos Silva admitiu que Portugal vai continuar a dar apoio. “Vamos ver o que seja necessário”, afirmou à TVI24. A este propósito, revelou que o Governo está a receber informações da sociedade civil, destacando que escolas superiores já estão a fazer estimativas de quantos alunos afegãos podem receber, o mesmo se passando com a disponibilidade já evidenciada por autarquias locais.

O ministro recordou a experiência bem-sucedida, incentivada pelo ex- Presidente da República Jorge Sampaio, de estudantes sírios em universidades portuguesas, como exemplo do que pode vir agora a ser feito. E recordou as palavras deste domingo do ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, o primeiro membro do executivo a afirmar a disponibilidade do nosso país em receber refugiados do Afeganistão.

“No quadro da NATO e da União Europeia, estamos a protegê-los na retirada”, precisou. “É uma obrigação proteger e salvaguardar a vida dos afegãos que colaboraram com as forças internacionais”, insistiu.

Contudo, Augusto Santos Silva mostrou-se prudente sobre a evolução da situação no Afeganistão. “Os taliban têm de demonstrar que temos de acreditar neles, o que não aconteceu nos últimos 20 anos”, recordou.

“Têm dito que são muito diferentes do que eram há 20 anos, que respeitam os direitos das mulheres, que querem fazer um governo inclusivo, mas têm de o demonstrar. Por agora, só são palavras”, explicou. “Os líderes políticos afegãos têm de encontrar soluções para a formação desse governo inclusivo”, insistiu.

O chefe da diplomacia portuguesa, como a generalidade da comunidade e organizações internacionais, desenhou uma linha vermelha: que, ao contrário do que ocorreu desde 2001, o Afeganistão não albergue movimentos terroristas, não seja um santuário do terrorismo internacional, um ponto de partida de ataques a outros países.

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