TikTok quer ser plataforma de emprego

Em vez de currículos, os utilizadores enviam vídeos aos recrutadores directamente na rede social. Empresas como a Sony, o site de comércio Shopify e a cadeira de restauração norte-americana Chipotle participaram no programa piloto nos EUA.

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O piloto ocorreu durante o mês de Julho Dado Ruivic/Reuters

O TikTok, o site de micro-vídeos virais da China, quer expandir-se para o mercado de trabalho e ajudar os seus utilizadores a encontrar emprego. A Sony, o site de comércio online Shopify, e a cadeia de restauração norte-americana Chipotle estão entre as dezenas de empresas que participaram num projecto piloto da tecnológica chinesa para recrutar pessoas através da plataforma. Em vez de currículos, pediam-se vídeos a resumir a experiência e qualificações dos candidatos — quanto mais curtos, melhor (actualmente os vídeos no TikTok têm um máximo de três minutos). 

“Há uma oportunidade para trazer mais valor à experiência das pessoas com o TikTok”, lê-se na apresentação do programa que decorreu durante o mês de Julho nos EUA. 

As empresas interessadas publicaram ofertas de emprego na nova página de recrutamento do TikTok (tiktokresumes.com) e os utilizadores responderam nos seus próprios perfis com a etiqueta #TikTokResumes. Os participantes eram motivados a utilizar as ferramentas de edição da rede social que permitem juntar pequenos vídeos, adicionar imagens, música e legendas coloridas com apenas alguns cliques. 

Todos os vídeos enviados são públicos: quando alguém se candidata, está a divulgar a intenção à sua rede de amigos e seguidores, e está a divulgar a sua página nas redes sociais ao recrutador.

Recrutadores estão nas redes sociais

A iniciativa do  TikTok chega numa altura em que muitos empregadores já usam as redes sociais para aprender mais sobre potenciais candidatos. Segundo um inquérito nos EUA, realizado pelo site de recrutamento Career Building e pela empresa de marketing Harris Insights & Analytics, em 2018, 70% dos recrutadores já usavam as redes sociais para conhecer melhor os candidatos. Muitas vezes, a informação encontrada era motivo para deixar de contratar alguém (por exemplo, provas de mentiras no currículo ou críticas sobre os antigos empregadores). Só que não usar redes sociais, não é a solução: quase metade dos recrutadores (47%) disse que não entrevistava candidatos que não tivessem presença online. O argumento é que as redes sociais permitem aprender mais sobre os candidatos antes de os chamar para uma entrevista.

“Qualquer plataforma ‘com olhos nela’ é uma plataforma de recrutamento”, explica ao PÚBLICO Dustin York, professor e investigador na Universidade de Maryville, nos EUA, na área de redes sociais e inovação na comunicação. “Isto não é só para estudantes universitários no TikTok. Se um gerente a deslizar pelo TikTok durante a viagem do trabalho pode ser persuadido a subscrever ao Spotify, também pode ser persuadido a contactar um potencial candidato com um currículo convincente em vídeo”, argumenta. 

O PÚBLICO contactou o TikTok para saber mais sobre os resultados do teste nos EUA e o futuro da plataforma de recrutamento, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo. 

Para York, no entanto, “não é preciso esperar para ver se outras [de redes sociais] criam plataformas dedicadas ao recrutamento”. Basta publicar um currículo em vídeo. “Os recrutadores já estão nas redes sociais”, sublinha. 

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