Lionel Messi não joga mais no Barcelona

O argentino nunca jogou noutro clube e, em 20 anos de Barcelona, somou 17 temporadas na equipa principal dos catalães. Mas o “casamento perfeito” ruiu nesta quinta-feira e Messi terá, agora, de encontrar um novo clube.

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Reuters/MARCELO DEL POZO

Poucos “casamentos” futebolísticos pareciam tão sólidos como o que unia há 20 anos Lionel Messi e o Barcelona, sobretudo depois de Joan Laporta ter regressado à presidência do clube e ter conseguido dar ao argentino o que ele pretendia. Ou quase tudo.

Quase tudo porque, no momento-chave, tudo ruiu. Lionel Messi não vai, afinal, renovar contrato com o clube catalão, apesar de o Barcelona até ter garantido, nesta quinta-feira, ter chegado a acordo com o jogador de 34 anos para o prolongamento do vínculo.

20 anos depois da chegada a Espanha do pequeno Lionel, de 13 anos, Messi e Barcelona já não são um só e chega ao fim a “novela” em torno da renovação de contrato do argentino.

Na “bomba” lançada no site oficial, os espanhóis remetem o desfecho para “obstáculos financeiros e estruturais” relativos aos regulamentos da Liga espanhola, que limitaram os gastos possíveis por parte do clube catalão. 

“Trocado por miúdos”, a liquidez financeira para pagar a Lionel Messi não é, para já, suficiente para o Barcelona manter nas fileiras o grande craque da história do futebol blaugrana.

“Em consequência desta situação, Messi não poderá permanecer no FC Barcelona. Ambas as partes lamentam profundamente que os desejos do jogador e do clube acabem por não ser satisfeitos. O FC Barcelona expressa de todo o coração a sua gratidão ao jogador pela sua contribuição para o engrandecimento do clube e deseja-lhe o melhor para o futuro na sua vida pessoal e profissional”, pode ler-se no comunicado do clube.

As versões e os culpados

Há cerca de duas semanas, Javier Tebas, presidente da Liga espanhola, já tinha recusado fazer “vista grossa” ao tecto salarial que seria rompido para inscrever Lionel Messi. “Não, não o farei [ignorar o tecto]. É impossível. Temos de salvaguardar a integridade da Liga”, dizia, citado pela Marca.

Apesar do acordo de patrocínio com o fundo CVC, que injectaria milhões nos clubes da Liga espanhola, a imprensa espanhola aponta que a maquia do acordo global não foi suficiente, no caso do Barcelona, para comportar as exigências de Messi, que até já teria aceitado reduzir o salário anterior para 50%.

No comunicado do Barcelona, é Tebas quem, indirectamente, é apontado pelo clube como responsável pela saída de Messi, que não deixa apenas o Barcelona, mas também a Liga espanhola. E ambos sentirão, por certo, falta do astro argentino.

Outras versões, como a do Mundo Deportivo, apontam que a falta de acordo com a Atalanta pelo central Cristian Romero, que Messi pretendia como reforço do Barcelona, não terá agradado ao argentino. Não tendo sido o factor-chave, que esse é financeiro, o jornal espanhol aponta que foi um dos detalhes que influíram no desfecho.

Joan Laporta, presidente do clube, vai explicar nesta sexta-feira (10h de Portugal continental), em conferência de imprensa, os detalhes do acordo fracassado.

E agora?

Esta reviravolta é totalmente surpreendente, dada a certeza com que se falava do acordo selado entre Barcelona e Messi. Agora, o argentino terá meia Europa em alvoroço –​ especialmente PSG e Manchester City –, mas resta saber quem tem dinheiro para contratar Messi.

Caso escolha França, Messi reencontrará Neymar. Caso escolha Inglaterra, o argentino jogará novamente para Pep Guardiola. Não parece haver, para já, uma terceira opção com alta probabilidade de sucesso, ainda que a imprensa espanhola aponte a Liga norte-americana e o Bayern de Munique como outros possíveis destinos.

Certo é que acaba agora o casamento de longa duração entre o Barcelona e Lionel Messi, que deixará o clube como jogador com mais jogos, golos e títulos pelo emblema catalão. E considerando que Messi dificilmente jogaria num dos clubes de Madrid, será assim feita a vontade dos que sempre quiseram vê-lo experimentar um novo campeonato – é também disso que tem vivido a discussão Ronaldo vs. Messi.

Para o Barcelona, a queda do acordo tem dois prismas. Por um lado, faz o clube perder a sua grande estrela e não há nada que compense perder Messi. Por outro, dará margem para reforçar o plantel, já que o clube fica livre de pagar a Messi o salário principesco acordado para a renovação.

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