Antigo Aquaparque com via verde para ser uma escola de bicicleta

Protocolo aprovado na semana passada, que ainda tem de ser assinado, prevê cedência do espaço a duas entidades. “Estamos em condições para arrancar em Setembro”, diz o presidente de uma delas.

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Espaço voltou a ter vegetação nos anos recentes DANIEL ROCHA

Já foi um parque aquático e esteve para ser um parque aventura. No exterior voltou a haver vegetação e no interior criou-se um parque infantil que continua por estrear. Agora, após três décadas sem utilização, o terreno do antigo Aquaparque do Restelo tem um novo destino traçado pela Câmara de Lisboa: ser uma escola para aprender a andar de bicicleta.

A proposta foi aprovada há uma semana, na última reunião municipal deste mandato, com votos favoráveis de PS, CDS e PSD e a abstenção de PCP e BE. Através de um protocolo que ainda está por assinar, a autarquia cede o espaço durante 25 anos à Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) e ao Núcleo Cicloturista de Alvalade (NCA), entidades às quais competirá criar o Centro de Formação e Aprendizagem para o Uso da Bicicleta.

Esta hipótese surgiu há cerca de um ano e ainda não tinha sido divulgada publicamente. A intenção do município, que criou um parque infantil e salas para festas dentro do edifício principal, era concessionar esse espaço e permitir ali a instalação de uma cafetaria. A proposta para lançar um concurso de concessão chegou a estar agendada para uma reunião camarária no ano passado, mas não foi discutida.

A câmara diz ao PÚBLICO que aquelas duas entidades “manifestaram a sua disponibilidade” para criar a escola e “sugeriram o espaço” por ter “excelentes condições para o desenvolvimento deste projecto”. De acordo com o protocolo a que os vereadores deram concordância, a FPCUB e o NCA terão uma licença de utilização privativa do domínio público, que é atribuída quando são os interessados a apresentar um projecto à câmara.

João Gonçalves Pereira, vereador do CDS e presidente do NCA (que por esse motivo não participou na votação), explica que a colectividade tem uma escolinha de bicicleta em Alvalade e que existe uma larga fatia da população lisboeta que não se ajeita com os pedais. “Este é o espaço ideal. Permite a iniciação à bicicleta, permite um pequeno acesso ao contacto entre bicicletas e automóveis e tem ali Monsanto ao lado”, diz.

A intenção do núcleo é, assim, responder a três tipos de utilizadores: os que usam a bicicleta por lazer, os que a usam em deslocações diárias e os potenciais praticantes de BTT. “Estamos em condições para arrancar em Setembro com a escola”, afirma João Gonçalves Pereira. O presidente da FPCUB, José Manuel Caetano, diz que ainda é cedo para falar do assunto e que o protocolo terá de ser levado a uma assembleia geral da federação.

Na última década, a abertura ao público dos nove hectares que o Aquaparque ocupava em Monsanto foi uma promessa várias vezes adiada pelo vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes. Demolidas quase todas as construções e renaturalizada uma grande parte do espaço exterior, este tornou-se acessível em 2018. A transformação do edifício principal do antigo parque aquático em zona coberta de brincadeira infantil terminou em meados de 2019, mas o local continua fechado, vigiado dia e noite por agentes da Polícia Municipal.

“A situação de pandemia atrasou a tomada de qualquer decisão, dada a muito maior complexidade de operação de equipamentos infantis e juvenis”, justifica a câmara, que informa ter ali investido 1,3 milhões de euros até ao momento.

Segundo o protocolo, a instalação do centro velocipédico tem três fases. Na primeira começará a funcionar a escola com “preços para alunos abaixo dos valores actualmente praticados no mercado”. Para a segunda está prevista a criação de uma loja, uma oficina, parqueamento para bicicletas, uma cafetaria e estruturas para lavagem e aluguer de veículos. Na terceira fase está contemplada a instalação de um quiosque e de um novo parque infantil no exterior (já lá existe um).

O protocolo dá o direito à FPCUB e ao NCA de começarem a pagar despesas correntes (água, luz, etc.) “a partir da segunda fase do projecto” e estabelece uma renda mensal de 80 euros durante a primeira fase, de 73 euros durante o primeiro ano da segunda fase e de 2300 euros a partir do segundo ano da segunda fase. Não há ainda datas para a concretização de cada etapa.

“A partir de Março, Abril do próximo ano queremos estar a fazer formação em massa”, diz João Gonçalves Pereira, destacando que o centro terá, além da aprendizagem da bicicleta, uma vertente de “formação de formadores”. “Este é um espaço de serviço à cidade. Se andamos a investir em ciclovias, vamos ensinar os lisboetas a andar de bicicleta”, conclui.

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