Siza Vieira: “Economia está a recuperar em ‘k’” e o turismo está na parte de baixo

Ministro da Economia espera que os apoios à capitalização das empresas cheguem ao terreno em Setembro ou Outubro, depois das negociações com Bruxelas que vão decorrer este mês.

Foto
Governo prevê que as exportações de turismo subam 20% este ano, chegando aos 9300 milhões (metade do valor de 2019) Miguel Manso

O ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, afirmou esta quarta-feira que se está a verificar uma “recuperação da economia em ‘k’”, com alguns sectores a voltarem aos níveis pré-pandemia, como a indústria transformadora orientada para o exterior, e outros sectores, mais afectados, a assistirem a uma recuperação mais lenta, como é o caso do turismo.

“Alguns sectores atravessaram muito bem a pandemia, como a construção civil e a indústria transformadora, e este ano já estão a ter níveis de actividade muito próximos dos que tinham antes” da covid-19, destacou o ministro num webinar sobre apoios ao turismo organizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

No caso da indústria transformadora, o ministro destacou que “as exportações no primeiro semestre já estão em níveis superiores ao primeiro semestre de 2019”, realçando ainda a “actividade imobiliária forte e robusta” e “a recuperação do comércio a retalho”.

Assim, há uma parte da economia “que não só teve menos impacto durante o ano mais crítico” da covid-19, em 2020, como neste momento está “numa fase de crescimento”. Depois, há a outra vertente mais problemática da recuperação em “k”, ligada aos segmentos da economia “onde o impacto foi mais violento”, e onde está incluído o turismo. Este sector, destacou Siza Vieira perante os empresários e agentes do sector, vai assistir a uma retoma mais lenta, razão pela qual, disse, foi elaborado o plano de apoio ao turismo apresentado no final de Maio.

O plano inclui, entre outros aspectos, soluções para a capitalização das empresas e garantias públicas para a renegociação das moratórias das empresas junto dos bancos, além de uma nova linha de crédito.  O sector, afirmou o ministro, precisa de apoio à recomposição dos capitais próprios e de aliviar o esforço de tesouraria nos próximos meses, que até coincidem com a época baixa.

As empresas mais expostas aos efeitos da pandemia foram as que mais recorreram às moratórias e, no caso específico do alojamento, o ministro adiantou que 63% do crédito concedido ao sector entrou nesse regime. Ao todo, especificou Siza Vieira, são cerca de 3500 milhões de euros. Recomendando aos empresários que ainda não tenham iniciado conversações com os bancos, para começarem desde já  -o actual regime acaba no final de Setembro -, o ministro afirmou que o Estado garante 25% do valor da dívida renegociada, facilitando assim o processo a empresas que terão dificuldades em cumprir com o pagamento em circunstâncias normais.

O apoio está condicionado “a um alargamento da carência de capital por parte dos bancos de pelo menos seis meses” e, especificou, “de uma prorrogação do prazo remanescente da dívida pré-moratória em mais 50%, com o mínimo de um ano”. Ao todo, as empresas mais afectadas pela crise têm cerca de 8000 milhões de euros de crédito em moratória e o Governo admite que dois terços deste stock precise de apoio.

Sobre os apoios à capitalização, o ministro adiantou que espera discutir este mês com Bruxelas a “política de investimento do fundo de capitalização e resiliência” e que espera colocar os instrumentos no terreno em Setembro ou Outubro, logo após o dossiê das moratórias estar clarificado. O fundo já foi criado, com uma dotação inicial de 320 milhões, mas está previsto que chegue pelo menos aos 1300 milhões com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Sugerir correcção
Comentar