Batalha pelo passado

Esta batalha pela memória histórica é fastidiosa. Mas é também, num país como Portugal, provavelmente inevitável.

A morte de Otelo Saraiva de Carvalho foi só o último episódio dessa característica do mundo das primeiras décadas do século XXI: fazer a luta política e ideológica no presente usando o passado. Já se notava, por cá, com as discussões sobre o passado colonial e os Descobrimentos, bem como o papel de Portugal no tráfico de escravos transatlântico. Em boa verdade, é sintoma de uma sociedade que vê os seus problemas mais imediatos resolvidos e se sente com níveis de bem-estar consideráveis – a ponto de julgar fundamental discutir eventos de há muitas décadas ou séculos. Uma comunidade que vê em perigo o sustento material, sem acesso a bens básicos (alimentares, de educação ou de cuidados de saúde) e com as perspetivas de futuro comprometidas para si e para os seus filhos, não dedica intermináveis entradas nas redes sociais e colunas de opinião a temas incontornáveis como uns arbustos nuns jardins de Belém.

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