Há uma nova formação para aprender a fazer a camisola poveira

Até ao final do curso, que acontece entre 20 de Setembro e 31 de Janeiro, todos os formandos deverão saber fazer um exemplar do artigo secular.

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O curso resulta de uma parceria entre o centro de formação da indústria têxtil Modatex e a Patripove (Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro) Nelson Garrido
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O que distingue a camisola poveira, para além da própria lã, que tem origem na serra da Estrela, são os motivos bordados a linha vermelha e preta Nelson Garrido
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A camisola poveira Nelson Garrido

Para quem gostava mesmo de aprender a fazer uma camisola poveira e não foi a tempo de se inscrever nas duas formações promovidas pelo município da Póvoa de Varzim, há uma boa notícia: até 11 de Setembro, estão abertas as inscrições para um curso do Modatex sobre esta técnica artesanal. Tricotagem da Camisola Tradicional Poveira é o título do curso, que terá lugar no centro de formação do Porto, entre 20 de Setembro e 31 de Janeiro de 2022.

O centro de formação da indústria têxtil Modatex e a Patripove (Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro) estabeleceram um protocolo para promover diversas acções de formação para a preservação da técnica de tricotagem da camisola poveira. Em Setembro, começa já o primeiro curso, que tem a duração prevista de 125 horas e acontecerá todas as terças, quintas e sextas-feiras, das 19h às 22h, no centro de formação do Porto, na Rua Professor Augusto Nobre.

Para se inscrever só é preciso ter o 9.º ano de escolaridade e idade igual ou superior a 18 anos. O curso é de frequência gratuita, mas implica a aquisição de um kit, pelo formando, que tem um custo previsto de 60€. Até ao fim do curso, explica a página de inscrição, todos os formandos deverão conseguir “elaborar uma camisola tradicional poveira, utilizando técnicas artesanais de tricô e bordado, respeitando as tradições, cultura e identidade”.

Do ponto de vista do modelo, a camisola poveira não é muito diferente de outras camisolas de lã usadas pelos homens do mar. O que a distingue, para além da própria lã, que tem origem na serra da Estrela, são os motivos bordados a linha vermelha e preta, que até ao século XIX eram mais ligados ao universo da ruralidade minhota (e incluíam flores e espigas, por exemplo), mas que, já no século XX, explicava o autarca poveiro em Março, ao PÚBLICO, foram substituídos por figuras associadas à pesca.

O ressurgimento do interesse na camisola poveira deve-se a uma polémica com a designer norte-americana Tory Burch, que criou um artigo muito semelhante e o promoveu como produção própria. Pior: terá dito que se tratava de uma inspiração mexicana. Pouco depois, a empresária admitiu o erro e retirou o artigo das suas plataformas de venda, onde estava a ser vendido por 695 euros.

Actualmente, continua a ser promovida uma acção judicial, interposta pelo Estado português nos tribunais dos Estados Unidos contra Tory Burch, com um pedido de indemnização pelos danos causados. Ao PÚBLICO, o presidente da Junta da Póvoa de Varzim disse não deixar de ver o caso com a designer como uma oportunidade. “Isto não pode apenas ser um produto de museu. Há aqui um potencial económico, de possibilidade de geração de emprego na comunidade, que deveria ser aproveitado”, considerou, na altura, o autarca Ricardo Silva.

Certo é que esgotaram os dois cursos de manufactura da camisola poveira, promovidos pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e outro dinamizado através da Associação Amigos do Museu da Póvoa de Varzim. Através da parceria com o Modatex, a Patripove pretende chegar a mais formandos e preservar a técnica de fabrico do ícone da Póvoa de Varzim. O projecto não deverá ficar por aqui e deverão seguir-se futuras formações e workshops.

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