Agência Europeia de Medicamentos aprova vacina da Moderna para crianças dos 12 aos 17 anos

É a segunda a ter luz verde, depois da da Pfizer-BioNtech. Portugal ainda não decidiu se vai permitir vacinação nesta faixa etária. DGS pediu duas semanas para tomar decisão.

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Ja há duas vacinas autorizadas na Europa para a faixa etária dos 12 aos 17 anos Paulo Pimenta

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou nesta sexta-feira a vacina da Moderna (Spikevax é o seu nome comercial) para crianças e adolescentes dos 12 aos 17 anos. Até agora, só era usada a partir dos 18 anos.

Os efeitos da vacina da Moderna nos 12 aos 17 anos foram estudados num ensaio clínico com 3732 participantes, diz um comunicado de imprensa da EMA. Os resultados demonstraram um nível de produção de anticorpos ao vírus SARS-CoV-2 comparável com o da faixa etária dos 18 aos 25 anos. Nenhuma das 2163 crianças que recebeu a vacina de ARN-mensageiro apanhou covid-19, enquanto entre as 1073 que receberam um placebo (uma substância sem actividade) houve quatro casos de doença. Por isso a EMA concluiu que a eficácia da vacina neste grupo etário é semelhante à verificada nos adultos.

Considerou-se que a vacina foi bem tolerada e os efeitos secundários são também comparáveis aos verificados nos adultos. O mais comum foi dor no local da injecção, diz um comunicado de imprensa da Moderna. Após a segunda dose tornam-se mais frequentes efeitos secundários como dor de cabeça, fadiga, dores musculares e arrepios.

Esta é a segunda vacina aprovada pela EMA para ser usada no espaço europeu neste grupo etário: a primeira foi a outra vacina de ARN-mensageiro, a da Pfizer-BioNtech, já em Maio.

A Moderna tem a decorrer um outro ensaio clínico da sua vacina com crianças dos seis meses de idade até aos 12 anos.

A EMA nota que, dado o pequeno número de participantes, não foi possível estimar a frequência de casos de miocardite (inflamação do músculo cardíaco) ou pericardite (inflamação da membrana que envolve o coração), associadas às vacinas para a covid-19 de ARN-mensageiro, sobretudo em menores de 30 anos.

Uma estimativa dos Centros de Controlo e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos, feita em Junho, diz terem sido registados aproximadamente 40,6 casos de miocardite por milhão de segundas doses deste tipo de vacinas nos homens, e 4,2 casos por milhão nas mulheres, em pessoas com idades entre os 12 e os 29 anos.

Em Portugal está a decorrer o processo de decisão sobre vacinar ou não vacinar crianças e adolescentes a partir dos 12 anos. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) pediu nesta semana mais 15 dias para definir a sua posição, depois de a maioria dos peritos da Comissão Técnica de Vacinação ter defendido que os jovens entre os 12 e os 15 anos só deveriam vacinados contra a covid-19 se tiverem comorbilidades de risco para a doença. Segundo apurou o PÚBLICO, essa posição foi dominante após audições de peritos, sobretudo da área da pediatria.

Mas com a variante Delta, vacinar 70% da população não é o suficiente para atingir a imunidade de grupo, como se previa nas contas originais, porque esta variante é muito mais infecciosa que a original. Será preciso vacinar uma proporção maior dos portugueses, e isso incluiria crianças, como já explicou ao PÚBLICO o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, membro da Comissão Técnica de Vacinação, reconhecendo, no entanto, que este assunto não é consensual.

“Cada país terá de avaliar isto tendo em atenção os seus hábitos, a adesão que a população tem à vacinação e os seus objectivos. Se querem eliminar a circulação do vírus ou se estão dispostos a tolerar que o vírus circule, desde que os mais velhos, e os mais frágeis, estejam protegidos”, dizia ainda Manuel Carmo Gomes ainda antes de ser conhecida a posição da Comissão Técnica de Vacinação, que a 20 de Julho indicou que apenas os jovens entre os 12 e os 15 anos com comorbilidadades deviam ser vacinados.

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