O Museu Victoria & Albert acredita ter encontrado uma impressão digital de Miguel Ângelo numa escultura em cera

Peça da colecção do museu de Londres é um esboço atribuído ao pintor do Renascimento, parte do projecto para o túmulo do Papa Júlio II.

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Peça tem menos de 20 centímetros de altura DR

A descoberta foi divulgada no primeiro episódio de uma nova série da BBC 2, Segredos do Museu, dedicada ao Victoria & Albert Museum (V&A), em Londres: numa pequena estatueta de cera, com mais de cinco séculos, representando a figura de um escravo, pode estar a impressão digital do seu autor — nada menos que… Miguel Ângelo (1475-1564).

“É uma perspectiva entusiasmante que uma das impressões digitais de Miguel Ângelo possa ter sobrevivido na cera”, disse à BBC uma das curadoras sénior do V&A, Peta Motture. 

A estatueta em causa, com menos de 20 centímetros de altura e intitulada Um escravo, representa uma figura nua com um dos braços erguidos e a tapar o rosto. Terá sido um esboço para um ambicioso projecto de quatro dezenas de estátuas, mas que, entretanto, foi reduzido, para o túmulo do Papa Júlio II (1443-1513) na Basílica de São Pedro, em Roma.

A descoberta feita no V&A surgiu quando o museu mudou a localização da peça na Primavera, de uma galeria superior para um lugar mais fresco, para evitar a sua possível deterioração com o aumento de temperatura visto que o edifício, por causa da pandemia de covid-19, esteve fechado. Foi então que a impressão digital foi detectada nas nádegas da estátua, talvez devido a uma mudança na composição química da cera provocada pela flutuação da temperatura.

“Essas marcas poderão sugerir a presença física e o processo criativo do artista. É onde a mente e a mão de algum modo se conjugam”, acrescentou Peta Motture. “Uma impressão digital coloca-nos em ligação directa com o artista”, exclamou a curadora do V&A.

Segundo o site de notícias Artnet, a estatueta do museu londrino — cuja versão definitiva pertence actualmente à colecção da Galeria da Academia de Florença — terá sido esculpida entre 1515 e 1519, e, em 1924, foi já alvo de um trabalho de restauro depois de ter sido derrubada por um visitante. Mas “nunca foi pensada para durar. É isso o que torna [este caso] encantador e notável: o artista, provavelmente, nunca imaginou que o esboço lhe iria sobreviver vários séculos”, disse ainda Peta Motture ao diário Telegraph.

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