Jerónimo de Sousa critica “logro” da descentralização sem regionalização

Líder do PCP diz que “não é sério falar de descentralização quando se persiste em negar a regionalização, suportados em simulacros como os da chamada democratização das comissões de coordenação”.

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Jerónimo de Sousa esteve, em Bragança, na apresentação dos candidatos da CDU no distrito LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou este sábado o que classificou como “logro” ao falar-se de descentralização sem cumprir e continuando a negar o pilar do poder local que é a regionalização.

O líder comunista discursava em Bragança, na apresentação dos candidatos da CDU as eleições autárquicas no distrito transmontano, vincando que o “poder local tem ainda por cumprir no seu edifício constitucional a criação das regiões administrativas sucessivamente adiadas pela mão do PS, PSD e CDS”.

Jerónimo de Sousa entende que se está a negar “ao país um instrumento capaz de contribuir para conferir legitimidade democrática para o desenvolvimento e a coesão territorial, para o aproveitamento das potencialidades e recursos locais, para a modernização e organização de uma administração pública ao serviço das populações”

“Não é sério falar de descentralização quando se persiste em negar a regionalização, suportados em simulacros como os da chamada democratização das CCDR [Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional]”, apontou.

Para o secretário-geral do PCP, é “de facto um logro e uma farsa que não resiste a qualquer avaliação feita com um mínimo de honestidade política, logro que prossegue quando se alimenta a ideia, como faz o PS, que lá para fins de 2024, e em resultado da avaliação da dita descentralização que concertaram com o PSD, se abrirá então um debate público sobre a matéria”. “Com esta perspectiva não será pela mão do PS que a regionalização se realizará”, declarou.

O líder comunista defendeu que “o país precisa sem hesitações de concretizar a regionalização como factor de coesão e desenvolvimento capaz de aproveitar as riquezas e potencialidades de cada região”.

Da mesma forma, entende que também “não é sério falar de descentralização ou de proximidade quando se recusa a reposição das freguesias extintas no período da troika, impedindo que se realizem eleições que deêm corpo à vontade expressa pelas populações que se pronunciaram pela sua devolução”.

O secretário-geral do PCP defendeu ainda medidas para as regiões do interior do país, como Bragança, e para o sector económico, como a agricultura, assim como o reforço dos apoios aos vários sectores que enfrentam “grandes dificuldades” agravadas pelas medidas da pandemia de covid-19.

A CDU apresentou os nove candidatos às câmaras e onze às assembleias municipais do distrito de Bragança com a indicação de que brevemente serão divulgados os cabeça de listas que faltam na totalidade dos 12 concelhos desta região. A CDU tem eleitos apenas nas assembleias municipais de Bragança e Mirandela e em algumas assembleias de freguesia neste distrito.

O secretário-geral do PCP disse que tem consciência da relação de forças no distrito de Bragança onde PS e PSD dividem as câmaras municipais, mas prometeu “esforço e empenho”, enquanto a dirigente regional do partido, Fátima Bento, destacou que “nunca foi a ausência de eleitos em alguns concelhos que impediu o projecto da CDU”.

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