Comissão Interamericana de Direitos Humanos denuncia “uso de força” e “cortes na Internet” nos protestos em Cuba

CIDH diz ter recebido relatos de ataques a manifestantes e jornalistas. Estados Unidos preocupados com os apelos do Presidente Miguel Díaz-Canel à população para “combater” os protestos nas ruas.

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Polícias à paisana detêm um manifestante durante os protestos de domingo em Cuba Reuters

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização de Estados Americanos (OEA), comunicou esta segunda-feira que teve “conhecimento dos protestos em Cuba” e diz ter recebido relatos que dão conta do “uso da força, detenções, ataques a manifestantes e jornalistas, além de cortes no sinal de Internet”. 

A CIDH assinalou que os protestos se devem à “escassez de alimentos e medicamentos” e “à falta de garantias de liberdade de expressão e de participação plural em assuntos de interesse público” e instou o Governo de Cuba “a cumprir suas obrigações com os direitos humanos, em particular o direito ao protesto”.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, condenou igualmente o uso da força por parte das autoridades cubanas e reconheceu “a legítima reivindicação da sociedade cubana por medicamentos, alimentos e liberdades fundamentais”.

“Condenamos o regime ditatorial cubano por convocar os civis a reprimir e enfrentar aqueles que exercem seu direito de protestar”, disse Almagro através de uma mensagem publicada na rede social Twitter.

Também os Estados Unidos se mostraram “muito preocupados” com os apelos feitos pelo Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, para a população sair à rua e “combater” os protestos contra o regime de Havana.

“Estamos muito preocupados com os ‘apelos para combater’ em Cuba”, disse numa mensagem no Twitter a secretária de Estado Adjunta em exercício do Gabinete para os Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Julie Chung, que sublinhou o apoio da Administração dos EUA ao direito dos cubanos a manifestarem-se pacificamente e apelou à “calma” na ilha.

Por sua vez, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, garantiu que o tema dos protestos em Cuba será tratado na reunião desta segunda-feira do Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE.

No domingo, Díaz-Canel, exortou os seus apoiantes a saírem às ruas prontos para o “combate”, em resposta às manifestações que aconteceram contra o Governo em vários pontos do país.

“A ordem de combate está dada, os revolucionários às ruas”, afirmou o governante numa mensagem transmitida na estação pública de televisão.

Milhares de cubanos manifestaram-se no domingo contra o Governo nas ruas de várias cidades do país, como San Antonio de los Baños, Guira de Melena e Alquízar, na província ocidental de Artemisa, Palma Soriano, em Santiago de Cuba, na ponta oposta da ilha, e em alguns bairros de Havana.

De acordo com a agência Efe, centenas de pessoas saíram à rua em Havana em manifestações pacíficas, que foram reprimidas pelas forças de segurança e brigadas de apoiantes do Governo, tendo-se registado violentos confrontos e detenções.

Grupos organizados de apoiantes do Governo também estiveram no local, entoando “Eu sou Fidel” ou “Canel, amigo, o povo está contigo”.

Os protestos contaram com o apoio de exilados cubanos nos Estados Unidos, que pediram ao Governo norte-americano que lidere uma intervenção internacional para evitar que os manifestantes sejam vítimas de “um banho de sangue”.

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