Wembley terminou pintado de azzurro

Empate a uma bola forçou o prolongamento e o desempate por grandes penalidades, em Wembley. Donnarumma esteve em destaque.

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FRANK AUGSTEIN/Reuters

O palco, apesar de renovado, era o mesmo, e a rainha, embora desta vez não tenha marcado presença no estádio, continua a ser Isabel II, mas a Inglaterra terá que continuar a esperar para reconquistar um grande título. No primeiro Europeu pós-“Brexit”, marcado pela pandemia e por um formato nada equitativo, os ingleses esbanjaram a benesse de fazerem seis dos sete jogos em Londres e, ao contrário do que tinha acontecido no Mundial 66, não foram coroados em casa. Mérito da Itália, que confirmou ser “a equipa” da competição. Apesar do golo de Shaw aos 117 segundos — o mais rápido da história das finais da prova —, a “squadra azzurra” recompôs-se e mereceu suceder a Portugal no trono do futebol europeu. Com a vitória no desempate por penáltis, a Itália conquista, 53 anos depois, pela segunda vez a principal competição da UEFA.

A história recente dos Europeus era um mau presságio para os adeptos ingleses mais supersticiosos, mas qualquer recordação das finais de 2004 e 2016, onde o factor casa de nada valeu a Portugal e França, pareceu esfumar-se ao fim do primeiro remate à baliza. Tal como tinha acontecido em Roma, onde os ingleses entraram praticamente a ganhar contra a Ucrânia, nos “oitavos”, na final de Wembley a Itália até foi a primeira a chegar à área contrária, mas, após um canto favorável à “squadra azzurra”, os britânicos aproveitaram a primeira posse de bola para colocarem uma mão na taça Henri Delaunay: Kieran Trippier, a única novidade no “onze” de Gareth Southgate, cruzou largo da direita para o poste mais distante, onde apareceu Luke Shaw a finalizar de pé esquerdo nas costas de Giovanni Di Lorenzo, não dando hipóteses a Donnarumma.

Ao fim de apenas 117 segundos, a Itália via-se pela primeira vez em desvantagem no Euro 2020 e os “azzurri”, que nos jogos “a doer”, contra a Bélgica e a Espanha, foram competentes a gerir os ímpetos ofensivos da concorrência, mostraram até ao intervalo muitas dificuldades em assumir um jogo de posse, perante uma equipa inglesa que não teve pudor em colocar os seus 11 jogadores no primeiro terço do terreno. 

Com a troca de Bukayo Saka por Trippier, Southgate iria, em teoria, atacar a Itália em 3x4x3, mas com a vantagem madrugadora no marcador, o técnico inglês reajustou o posicionamento dos seus laterais, que passaram a jogar quase sempre a par com os três centrais. Com uma linha de cinco à frente de Pickford e dois médios de combate no meio-campo (Rice e Phillips), a Inglaterra procurava construir um muro que, até Roberto Mancini mexer na sua equipa, se revelou à prova do virtuosismo e do génio italiano.

Nos primeiros 45 minutos, a Itália teve mais bola (65%) e mais remates (seis), mas, tirando uma ameaça de Federico Chiesa (35’), os italianos não causaram problemas de maior aos ingleses, que chegaram ao intervalo a vencer no único remate que fizeram à baliza de Donnarumma.

A incapacidade transalpina de traduzir o domínio em perigo fez com que Southgate não alterasse um milímetro a sua estratégia, mas o conservadorismo inglês acabou penalizado. Após uma dezena de minutos da segunda parte, Mancini trocou Immobile e Barella por Cristante e Berardi, e ganhou a aposta. Perante uma Itália mais móvel e com mais soluções para jogar pelas alas e zonas interiores, o “muro” inglês começou a apresentar brechas até ceder: após um par de ameaças, Pickford ainda desviou para o poste o cabeceamento de Verratti, mas Bonucci colocou a bola no fundo da baliza inglesa, depois de um pontapé de canto. 

Com justiça, aos 67 minutos a Inglaterra perdia a vantagem e Southgate não conseguiu mudar o “chip” utilizado pela sua equipa desde os 117 segundos. Apesar de ter abdicado dos cinco defesas com a troca de Trippier por Saka, três minutos depois de sofrer o golo, a passividade britânica tinha alimentado a “alma” dos italianos, que continuaram a mostrar mais ambição e argumentos para vencer a final. 

No entanto, tal como tinha acontecido nas meias-finais, ingleses e italianos terminaram os 90 minutos empatados a um golo e, cinco anos depois da final de Saint-Dennis, o jogo decisivo do Europeu teve que ir para um prolongamento. Porém, apesar de no tempo extra a Inglaterra surgir melhor, sem que a Itália deixasse de tentar atacar e procurar vencer, desta vez Éder apenas estava no estádio para entregar o troféu e não houve um remate salvador que evitasse que o vencedor do Euro 2020 fosse decidido no desempate por penáltis.

E nesse capítulo, houve três réus:  Rashford, Sancho e Saka, que tinham entrado durante a partida, não conseguiram bater Donnarumma e a Itália, tal como Portugal em 2016, sagrou-se campeã da Europa apesar de ter vencido nos 90 minutos apenas um dos quatro jogos da fase a eliminar. 

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