Hotelaria já não vislumbra retoma do sector este ano

O sentimento é o de que “não haverá retoma este ano” e que 2021 “será um ano negativo, ou, na melhor das hipóteses, com resultado zero”, afirmou o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Raul Martins.

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AHP dá conta de uma tendência de reservas reembolsáveis LUSA/LUÍS FORRA

Em poucas semanas, o cenário mudou para o sector do turismo português, com restrições às viagens por parte do Reino Unido e da Alemanha, o que leva o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Raul Martins, a afirmar que a retoma “abortou”. “A expectativa que tínhamos era que a retoma se iria iniciar este Verão”, explicou este responsável na apresentação de um inquérito da AHP, citado pela Lusa.

No entanto, devido aos “condicionalismos da Grã-Bretanha e da Alemanha” o sentimento é o de que “não haverá retoma este ano e este ano será um ano negativo, ou, na melhor das hipóteses, com resultado zero”.

Para Raul Martins, o que é necessário agora é reforçar e definir as regras de aplicação dos mecanismos previstos no plano “Reactivar o turismo”, com destaque para as verbas disponíveis para a recapitalização das empresas e para o prolongamento das moratórias.

De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal esta quarta-feira (que actualizou os valores de Março e Abril), o montante dos empréstimos da restauração e alojamento alvo de moratórias desceu em Maio pela primeira vez, mas de forma residual (-0,4%), fixando-se nos 4201 milhões de euros. Este é o segundo sector com maior valor de moratórias (após a construção) e o primeiro em percentagem do número total de devedores (com 30,2% do total).  

O Governo já referiu que tem 3000 milhões disponíveis para medidas de capitalização para as empresas, linhas de crédito com garantia pública e auxílio para gerir a questão das moratórias junto de quem precise, mas ainda não clarificou os montantes que serão disponibilizados para cada uma delas.

O inquérito da AHP (com 610 respostas) foi realizado antes da decisão alemã de obrigar a quarentena a quem viajar para Portugal, pelo que os impactos no sector não estão contabilizados. Nas perspectivas de Verão, 88% dos inquiridos incluíram Portugal nos três principais mercados, ganhando assim o turismo interno a primazia. Segue-se Espanha (com 69%), França (50%), Reino Unido (30%) e Alemanha (29%).

O impacto da pandemia no turismo faz com que o sector fale apenas de uma perspectiva de reservas, cuja média é de 43% em Julho, passando para 46% em Agosto e 37% em Setembro, subindo depois para 50% em Outubro. Estes valores são influenciados pela região de Lisboa, menos orientada para o turismo de Sol e praia.

O inquérito dá ainda conta de uma tendência crescente da opção por reservas reembolsáveis, com cerca de 67% dos inquiridos a estimarem uma expressão de 60% a 100% deste tipo de reservas, a par da previsão de uma elevada taxa de cancelamentos (54% estima uma taxa de 10% a 30% e outros 30% pensam que será superior a 30%).

Com as reservas de grupo a terem uma expressão reduzida, o inquérito dá ainda conta de uma baixa utilização de vouchers, o que indicia que as pessoas que os receberam poderão já ter encaixado o valor em causa ou planeiam obter o seu reembolso.

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