Para Tao, o ciclismo é para todos – parte 2

Até ao final do Tour, o PÚBLICO traz histórias e curiosidades sobre a corrida e os ciclistas em prova.

Foto
Tao venceu o Giro 2020

Ontem, falámos da forma como Tao Geoghegan Hart, vencedor da Volta a Itália 2020, se preocupa com a inclusão e a representatividade social no ciclismo, bem como com a luta contra o racismo e a favor das minorias. Hoje, explicamos que a consciência social deste ciclista, que está no Tour, vai mais longe do que isso.

Nos últimos meses, vários futebolistas têm, antes dos jogos, colocado um joelho no chão, numa mensagem contra o racismo, sob a premissa do movimento Black Lives Matter. Tao Geoghegan Hart fez o mesmo.

Uma discussão cada vez mais comum no desporto profissional, sobretudo no futebol, é o peso que as principais figuras do desporto têm na mudança de mentalidades. Devem os desportistas usar o protagonismo que têm para passar mensagens sociais e políticas que equilibrem e melhorem a sociedade? Ou devem, por outro lado, assumir que, como desportistas, cabe-lhes evitarem “atravessar-se” em áreas que não dominam?

Tao Geoghegan Hart, ciclista inglês da INEOS, e Zlatan Ibrahimovic, futebolista sueco do AC Milan, estão em pólos opostos da temática. O avançado nórdico disse recentemente que desportistas como Lebron James devem evitar a política e limitarem-se a fazer aquilo em que são bons – serem os melhores do mundo nas respectivas modalidades.

Para Tao, Zlatan não poderia estar mais errado. “Se não queremos opiniões e personalidades no desporto, então deixemos os robots competirem”, disparou ao Guardian. E foi mais longe: “Como adepto, não torço pelo melhor ciclista, atleta ou jogador. Torço por aquele com o qual mais me identifico e que me inspira. Há mais para apoiar no desporto do que apenas a habilidade atlética. E apoiar uma causa positiva é uma grande parte disso na tentativa de deixar o mundo melhor do que o encontrámos”.

Respondendo directamente a Zlatan, Geoghegan Hart deixou críticas ao regresso de uma narrativa antiga. “Vimos, novamente, o regresso da narrativa de que a política não pertence ao desporto e eu não poderia discordar mais. Primeiro, porque tudo é político. Estamos nisto juntos. Depois, porque muita gente não tem sequer a escolha de serem ou não seres políticos, porque os problemas impactam demasiado nas suas vidas. Eu abomino o racismo e o desporto deveria ser um reflexo de talento, mas também de diversidade”.

Sugerir correcção
Comentar