Parlamento sueco aprova moção de censura e derruba Governo

Primeiro-ministro destituído pela primeira vez através de um voto da oposição na Suécia. Executivo, apoiado por uma coligação frágil, fracassara negociações sobre reforma do sistema de rendas.

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Stefan Lofven, na chegada ao Parlamento para o voto desta segunda-feira Reuters/TT NEWS AGENCY

Os deputados suecos aprovaram esta segunda-feira de manhã a destituição do primeiro-ministro, Stefan Lofven, dando ao líder social-democrata uma semana para convocar eleições antecipadas ou renunciar e entregar ao presidente do Parlamento a tarefa de formar um novo Governo.

A moção foi apresentada na semana passada pelos Democratas Suecos, de extrema-direita, depois de o Partido da Esquerda, que costuma aliar-se com o primeiro-ministro para aprovar legislação, ter retirado o seu apoio ao plano de liberalização do sistema de rendas imobiliárias.

Seguindo a tradição sueca da política de consenso, o Partido Social-Democrata, de centro-esquerda, lidera uma frágil coligação de minoria desde 2018, com o apoio dos Verdes (centro-esquerda) e de dois pequenos partidos, o Partido Popular Liberal e o Partido do Centro (ambos de centro-direita).

Para governar, Lofven fechou um acordo parlamentar para um amplo programa de reformas com estes dois partidos do centro-direita. Numa das concessões aos Liberais e ao Partido do Centro, concordou com a apresentação de uma proposta para pôr fim às negociações sobre as rendas dos novos apartamentos – só que o Partido da Esquerda recusou negociar nesta base e os nacionalistas aproveitaram.

A moção de censura acabou por ser aprovada por uma maioria de 181 deputados.

“Durante muito tempo, o Governo minoritário pareceu capaz de se manter até ao fim do mandato, mas as divergências inerentes às suas próprias bases acabaram por se tornar demasiado grandes”, diz o analista político Mats Knutson, ouvido pela televisão pública sueca.

Não é claro a quem o presidente do Parlamento poderia recorrer para formar um novo Governo, com as sondagens a sugerirem que os blocos de centro-esquerda e centro-direita estão muito próximos, pelo que uma ida às urnas pode não chegar para desbloquear o impasse.

Nesse cenário, o Governo eleito só ocuparia o poder até Setembro do próximo ano, quando já estão previstas eleições gerais. É a primeira vez que um primeiro-ministro sueco é deposto por uma moção de censura. O líder do Parlamento pode pedir ao próprio Lofven que volte a tentar negociar uma coligação para se manter no cargo.

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