Braço-de-ferro entre Inglaterra e Escócia acaba em branco

Empate deixa ingleses igualados com a República Checa e em posição privilegiada para reclamarem o primeiro lugar do grupo na última ronda, com os escoceses obrigados a bater a Croácia.

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Stones cabeceou ao poste da baliza da Escócia Reuters/JUSTIN TALLIS

Ficou em branco o esperado braço-de-ferro entre os vizinhos e rivais do Reino Unido, marcado pela impetuosidade escocesa e pelo inesperado conformismo inglês, capaz de dominar as emoções e conter o sangue quente para impor um pragmatismo que deixa a selecção dos “três leões” com um pé nos “oitavos” do Euro 2020 e a Escócia no fio da navalha.

Preparada para o choque no regresso a Wembley — embora tenha durante largos períodos debitado um futebol estruturado, com boa circulação de bola, ataque organizado e o primeiro lance de perigo —, a Escócia não esperou pelo convite dos rivais para assumir a iniciativa e obrigar a Inglaterra a rever o rascunho para este duelo.

Gareth Southgate trocou os laterais relativamente ao jogo com a Croácia, iniciando o encontro com Reece James e Luke Shaw, numa perspectiva de projectar a equipa e explorar a profundidade, dando maior largura perante um adversário forte no corredor central. Mas a estratégia não deu os frutos esperados. A Escócia, derrotada no primeiro jogo pela República Checa, não tinha tempo a perder e encheu-se de brio, num jogo de coragem, duro, nitidamente a demarcar território.

Com mais tempo para agir, a Inglaterra observou os movimentos da “presa” e, depois de uma fase em que imperou a audácia dos vizinhos do norte, explorou uma falha individual de marcação para abanar a baliza de David Marshall, num cabeceamento de John Stones, na sequência de um canto. 

Che Adams e Kieran Tierney surgiam na carreira de tiro, vestindo um espartilho aos ingleses, o que alimentava o orgulho escocês, beliscado por Pickford quando travou um remate de golo iminente de Stephen O’Donnell, o mais perigoso da Escócia em toda a primeira parte. Harry Kane, Phil Foden, Mason Mount e Raheem Sterling eram uma sombra do que normalmente oferecem ao jogo, apesar do inconformismo de Mount, o mais rematador, e das tentativas de Kane e Foden evitarem ser apanhados em posição irregular. O goleador do Tottenham ainda esteve perto de brilhar, num mergulho de peixe que saiu ao lado do alvo, e o encontro ia para intervalo sem alteração do resultado.

Nas cabinas, Southgate terá alertado para a necessidade de uma entrada mais assertiva e contundente, o que os jogadores ingleses interpretaram na perfeição, assumindo o controlo numa vaga de ataques e situações de grande perigo na área escocesa. A pressão exercida asfixiava a equipa de Steve Clarke, que passava a adoptar uma estratégia de transições, suficiente para lembrar aos ingleses que a paciência pode ser uma virtude. Assim, à passagem da primeira hora de jogo, Dykes armou um remate que parecia destinado a sacudir as redes de Pickford, valendo a intervenção de Reece James, a limpar o lance praticamente em cima da linha de golo.

Atento, Southgate preparou a primeira substituição, chamando Jack Grealish, para introduzir uma nota de imprevisibilidade no jogo que a Inglaterra precisava de vencer para garantir, sem concessões, a entrada nos oitavos-de-final do Euro 2020 e assegurar, desde logo, o primeiro lugar do Grupo D, face ao empate entre croatas e checos. 

O seleccionador, que esteve na vitória de Inglaterra (com golos de Alan Shearer e Paul Gascoigne) frente à Escócia, no Euro 1996, em Wembley, surpreenderia com a segunda troca, prescindindo da referência de ataque e da experiência de Harry Kane, para lançar a irreverência de Rashford... Mas o avançado do Manchester United acabou por não ter espaço para evitar o nulo final.

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