“Foi adoptada uma medida de razoabilidade”, diz Costa sobre “fecho” da AML

Primeiro-ministro anunciou que na próxima semana será aprovada legislação nacional sobre o certificado digital “ que será mais um bom incentivo para as pessoas se testarem”.

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António Costa falou a partir da Bélgica LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O primeiro-ministro, que está em Bruges (Bélgica) no encerramento do ano académico do Colégio da Europa, falou aos jornalistas sobre a evolução da pandemia e anunciou que os números desta sexta-feira voltarão a ser elevados: 1290 casos a nível nacional, 900 dos quais em Lisboa.

“Os números indicam que o problema está concentrado”, disse, mostrando-se decidido a evitar que Portugal entre “no vermelho” antes do Verão e deixando um apelo: “O apelo que eu faço, mais uma vez renovado, a todos aqueles que vivem no concelho de Lisboa, que vivem nos concelhos limítrofes, que vivem na Área Metropolitana de Lisboa, é que tenham em conta estes números. Estes números significam simplesmente uma coisa: não estamos a controlar a pandemia. E não estamos a controlar a pandemia porque os comportamentos não são adequados à realidade da pandemia”, afirmou. 

“Se não adoptarmos medidas, a pandemia vai voltar a aumentar”, insistiu o primeiro-ministro, que defendeu a decisão do Governo de manter o calendário e apenas fazer a avaliação e alteração de medidas de 15 em 15 dias. António Costa aproveitou também para explicar que o Presidente da República, quando disse que não estava nos seus planos voltar atrás, estava a referir-se ao estado de emergência (como explicou a partir de Nova Iorque) e não às medidas que foi preciso tomar agora. 

Sobre essas, o chefe do Governo disse que “o que foi adoptado foi uma medida de razoabilidade”, já que, “manda o bom senso fazer tudo o que é necessário e nada mais do que é necessário”. E justificou as medidas: “Quando olho para os números e percebo que dois terços dos casos estão na região de Lisboa, a primeira medida que tenho de tomar é impedir que extravase”, explicou. No entanto, deixou claro que não haverá um polícia a controlar cada pessoa — “A polícia tem uma missão e cada um de nós, outra. Temos de ter o comportamento adequado” — e que não está em causa alargar as restrições aos dias da semana. “Não podemos fazê-lo, obviamente, durante toda a semana porque isso seria muito complicado para o funcionamento do conjunto do país.”

António Costa aproveitou para lembrar outras medidas que estão em curso: baixar de 12 para oito semanas a distância entre as duas tomas da vacina AstraZeneca (para acelerar a vacinação); aumentar os postos de vacinação e os seus horários; passar enfermeiros que estavam em funções de registos para a vacinação; e agilizar a realização dos testes. De acordo com o primeiro-ministro, na próxima semana será aprovada legislação nacional sobre o certificado digital “ que será mais um bom incentivo para as pessoas se testarem”. 

Questionado sobre se a meta de 100 mil pessoas vacinadas diariamente está a ser cumprida, o primeiro-ministro referiu que actualmente a média ronda os “90 mil por dia”, pelo que a meta “está praticamente a acontecer”.

Ainda em matéria de vacinas, o governante português defendeu que a Europa “fez mal” em deixar cada país definir as condições da sua administração e considerou “absurdo” haver uma Agência Europeia do Medicamento e cada agência nacional definir as suas regras. “Quando vamos discutir o futuro da Europa, uma lição que devemos retirar desta pandemia é que, se a Europa fez bem em ter agido unida para a compra das vacinas, depois fez mal deixando a cada país a liberdade de definir as condições de utilização das vacinas e das restrições”, sublinhou.

Numa breve referência aos eventos familiares, Costa pediu aos portugueses para terem cuidado e alertou: “Não atingimos a imunidade de grupo. Infelizmente, ainda não a atingimos.”

Em resposta aos muitos que em Portugal “questionam a matriz” utilizada para classificar as zonas de risco, por entenderem “que é muito exigente”, o primeiro-ministro referiu que a matriz em causa “é aquela que é utilizada pelo ECDC”​ e é a que vai ser consultada por “quem está a decidir se vai ou não vai passar férias” a Portugal. “Não é facilitando a nossa matriz que nós resolvemos o nosso problema. É aumentando o nosso controlo individual dos nossos comportamentos que nós travamos a pandemia”, frisou.

Comentando em termos mais gerais o facto de Portugal estar a registar uma nova subida de casos, quando a tendência é oposta no resto da União Europeia, António Costa observou que, neste particular, Portugal tem acompanhado mais a tendência verificada no Reino Unido, com quem tem “uma relação muito próxima”​.

“Comparando a evolução da situação de Portugal e Reino Unido com o que acontece no resto da Europa, estamos de novo em contraciclo. Desde Janeiro que temos estado sempre em contraciclo: quando eles sobem nós baixamos, quando nós subimos eles estão ainda a baixar”​, explicou.

O primeiro-ministro acrescentou que, “durante as primeiras vagas, o sentido de evolução da pandemia era muito claro: vinha de Oriente para Ocidente. Desde o início deste ano, com estas variantes, a trajectória da pandemia tem sido inversa: tem começado a Ocidente e tem-se alargado a Oriente”​. com Lusa

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