Impacto da variante Delta leva Governo britânico a recuar no desconfinamento em Inglaterra

O primeiro-ministro britânico acredita que a 19 de Julho dois terços da população estejam vacinados com as duas doses, permitindo uma “abertura total” do território inglês.

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em Downing Street, Londres HENRY NICHOLLS/Reuters

O plano de desconfinamento para Inglaterra previa o fim da maioria das restrições sanitárias para o dia 21 de Junho, mas o aumento de casos, devido à crescente predominância da variante Delta, obrigou o Governo a adiar o desconfinamento para 19 de Julho. O adiamento foi anunciado esta segunda-feira pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Apesar das críticas e da pressão económica, Johnson afirmou que “é tempo de abrandar” para salvar “milhares de vidas através da vacinação” de milhões de pessoas, e para “dar um tempo extra ao Serviço Nacional de Saúde”. Com base na informação de que “as vacinas estão a funcionar”, o primeiro-ministro britânico acredita que o adiamento até 19 de Julho é necessário para conseguir vacinar dois terços da população com as duas doses.

Boris Johnson não prometeu, porém, que não iria depois retroceder no alívio das medidas sanitárias no país, mas, “com base nos dados”, mostrou-se confiante de que a partir 19 de Julho pode ser feita uma “abertura total”.

“Em algum momento vamos ter de viver com o vírus, mas se temos vacinas eficazes, e uma variante que requer duas doses para uma protecção máxima, é acertado dar mais tempo para salvar vidas”, disse um porta-voz de Downing Street.

Será então acelerada a administração da segunda dose nas pessoas com mais de 40 anos “para terem a máxima protecção o mais rápido possível”; e os jovens dos 18 aos 24 anos “serão convidados a agendar a vacinação a partir de amanhã”.

As restrições continuam a afectar os bares, os festivais e a capacidade dos restaurantes e pubs. Mas podem continuar a realizar-se os casamentos com mais de 30 convidados com distanciamento social e velórios.

Tempo para vacinar

Os dados mostram o aumento dos casos e das hospitalizações em particular no Noroeste de Inglaterra, com uma maior predominância da variante Delta. A manter-se o ritmo actual de contágios, até 21 de Junho, dia originalmente marcado para o levantamento das restrições sanitárias, as infecções por SARS-CoV-2 podem rondar os 15 mil casos.

A variante Delta (detectada na Índia pela primeira vez) está a ter impacto no desenvolvimento da pandemia no país, sendo entre 40% a 80% mais transmissível do que a variante Alpha (originalmente detectada no Reino Unido), segundo os especialistas.

A vacinação reduziu as hospitalizações, mas os especialistas pedem mais tempo para monitorizar os dados. No Reino Unido mais de 78% da população recebeu a primeira dose da vacina, e quase 60% recebeu a segunda dose, segundo o Public Health England. Ainda assim, pode não ser suficiente para diminuir o desenvolvimento de sintomas devido à variante Delta, alertam os cientistas britânicos.

Segundo o Guardian, dois terços da população inglesa não estão protegidos contra a variante Delta. A análise citada pelo diário sugere que 68 em 100 pessoas não têm mais protecção contra o desenvolvimento de sintomas graves do que aquelas que tinham antes da administração da primeira dose.

Com a segunda dose da vacina, a protecção aumenta de 33% (por oposição com os 50% de eficácia contra a variante Alpha) para 88% no caso da vacina da Pfizer, e 60% no caso da AstraZeneca, o que confere “um elevado grau” de protecção contra a variante, de acordo com Downing Street. 

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