Bienal de design instala floresta em Londres para desafiar a arquitectura

Corticeira Amorim é parceira do projecto que transforma o pátio da Somerset House.

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A instalação Forest for Change — The Global Goals Pavilion, da designer Es Devlin JOHN SIBLEY/Reuters
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O núcleo central da floresta é construído em cortiça fornecida pela Amorim, parceira do projecto JOHN SIBLEY/Reuters
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O Pavilhão da Diáspora Africana desenhado pela 'designer' norte-americana Ini Archibong toma a forma de uma concha JOHN SIBLEY/Reuters
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O pavilhão da Grécia organiza-se à volta da presença da oliveira JOHN SIBLEY/Reuters
LONDON DESIGN BIENNALE
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A artista Naomi McIntosh com a sua obra Ruup & Form Quiet Garden JOHN SIBLEY/Reuters

Um dos pátios em pedra mais famosos da Europa, o da Somerset House, em Londres, ressurgiu totalmente transformado após a instalação de uma floresta no seu espaço central pela Bienal de Design de Londres, este ano na sua terceira edição. Forest for Change — The Global Goals Pavilion, da designer Es Devlin, foi pensada como uma instalação interactiva inspirada nos objectivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para 2030.

Quando o edifício da Somerset House foi concebido, há 250 anos, dentro do espírito do iluminismo, as árvores foram proibidas no pátio, descreve o site da bienal. Es Devlin, que também é directora artística da bienal, decidiu “contrariar esta atitude de domínio humano sobre a natureza, permitindo que a floresta tome conta de todo o pátio”. Ao subverter os princípios do iluminismo para a arquitectura neoclássica de Somerset House, a designer e a sua equipa pensaram na capacidade transformadora da floresta espelhada durante séculos pela literatura, um lugar capaz de introduzir mudança e renovação: “Os objectivos globais das Nações Unidas oferecem formas claras para nos comprometermos e alterarmos o nosso comportamento. Esperamos que esta interacção com os objectivos seja transformativa.” 

"Sabemos agora que temos que viver com a natureza e ao trazer a floresta para o coração do pátio apresentamos a ideia de uma forma muito, muito clara”, disse a directora da bienal, Victoria Broackes, citada pela Reuters. A ideia de introduzir uma nova floresta com cerca de 400 árvores não deixa de ser “uma provocação”, reconhece Jack Headford, da equipa do Es Devlin Studio, que espera que as pessoas se sintam inspiradas quando descobrirem os objectivos inscritos num núcleo central construído em cortiça fornecida pela Amorim, revela o site da empresa portuguesa, que é parceira do projecto.

Segundo a Reuters, a Bienal de Design de Londres será o primeiro evento internacional de larga escala a ser recebido pela cidade desde que as restrições impostas pela pandemia foram aliviadas. Sob o tema Resonance/Ressonância, a bienal reflecte sobre o efeito do design na forma como vivemos, particularmente nas crises da nossa era — além da crise climática, a bienal aborda também a da saúde causada pela covid-19. O evento, que terá a duração de três semanas, organiza-se à volta de 30 pavilhões, a maioria representando os países participantes (Portugal não está presente). O pavilhão da Antárctica, por exemplo, apresenta a separação do icebergue Larsen B e a utilização de algoritmos para o reconstruir digitalmente através de inteligência artificial, enquanto a Guatemala reflecte sobre o uso da água numa instalação sonora e o pavilhão da Grécia se organiza à volta da presença da oliveira​. No terraço virado para o rio, o Pavilhão da Diáspora Africana desenhado pela designer norte-americana Ini Archibong toma a forma de uma concha, durante séculos usada como moeda em África, explorando também a ideia de défice de representação e de reparação.

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