Só os delegados do Chega podem ter acesso às moções discutidas no congresso

Decisão do presidente da mesa do congresso comunicada aos jornalistas depois do arranque dos trabalhos. Partido parece querer evitar repetição da polémica moção da retirada dos ovários às mulheres que abortassem.

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Luís Filipe Graça (segundo a contar da esquerda) durante a contagem dos votos na convenção de Évora. Nuno Ferreira Santos

Como alguns textos das moções apresentadas por delegados do Chega na convenção de Setembro, em Évora, provocaram polémica, com a do militante Rui Roque (ex-PNR) que propunha a remoção dos ovários às mulheres que abortassem a ser o expoente máximo, o presidente da mesa do actual congresso parece ter decidido cortar o mal pela raiz.

Luís Filipe Graça decidiu que as moções serão dadas a conhecer exclusivamente aos delegados que as vão discutir e votar durante o dia de sábado e que os jornalistas não lhes poderão ter acesso. A decisão foi comunicada aos jornalistas que acompanham o congresso no final dos trabalhos da noite de sexta-feira, que já começaram com duas horas de atraso, nas Caves de Coimbra, na periferia norte da cidade.

Esta forma de funcionar contraria o que é habitual acontecer nos restantes partidos (cuja informação permanece acessível na internet) e o que aconteceu no Chega até Setembro – embora dois dias depois da convenção de Évora o partido tenha retirado do acesso público do seu site toda a informação que existia sobre as moções discutidas em Évora. Em partidos como o PS, PSD, Bloco ou CDS, as moções sectoriais que são levadas ao congresso costumam estar disponíveis publicamente cerca de um a dois meses antes das reuniões magnas - foi o que fizeram os bloquistas no início de Março, ou o que estão a fazer os socialistas que têm congresso marcado para Julho. 

O dia de sábado adivinha-se longo. A agenda prevê a apresentação de moções – desconhece-se a quantidade que foi submetida pelos delegados, mas em Setembro os 600 delegados tinham apresentado quase 50 moções temáticas – que podem ser temáticas, de estratégia global e de revisão estatutária.

Depois do discurso de meia hora com que abriu o congresso, André Ventura vai novamente subir ao palco durante no sábado ao fim da tarde para apresentar a sua moção de estratégia global com que se apresentou às eleições de 6 de Março intitulada Governar Portugal (que deu nome ao congresso) e que define as linhas estratégicas de acção política do partido para o seu mandato. Mas não deverá caber-lhe a tarefa de apresentar a sua moção de revisão estatutária. Em Évora, ao contrário do que dizem os estatutos e o regulamento do congresso, não fez nem uma coisa nem outra, mas os dois documentos acabaram por ser considerados votados e aprovados.

À noite, período em que estão previstas as intervenções políticas, deverá ser apresentada e votada a revisão do programa.

No domingo de manhã, já com os novos estatutos aprovados – que deverão ajudar André Ventura a eleger mais facilmente a nova direcção nacional por maioria simples em vez dos dois terços exigidos aquando da votação em Évora -, será tempo de eleger também a mesa do congresso, o conselho nacional e o novo conselho de jurisdição.

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