“A música alivia a dor”: violoncelista toca todas as semanas para doentes terminais

Uma vez por semana, os quartos da Casa Médica Jeanne Garnier, em Paris, reverberam um som diferente: de um solo de violoncelo.

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A violoncelista Claire Oppert toca para acalmar o paciente Bernard Genin, de 79 anos, no lar parisiense de cuidados paliativos REUTERS/Yiming Woo
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Claire Oppert, violoncelista diplomada pelo Conservatório Tchaikovski em Moscovo, em 1993, com curso de Filosofia pela Universidade Sorbonne e um diploma universitário em Terapia Artística, visita as instalações da Casa Médica Jeanne Garnier, em Paris, todas as sextas-feiras. O seu propósito: através das cordas do seu violoncelo, levar algum alívio aos residentes do lar especializado em cuidados paliativos, um dos maiores do seu género na Europa.

Ou seja, aqui, os residentes têm em comum o facto de apresentarem doenças incuráveis, estando a maioria em estado terminal. E, na Casa Médica Jeanne Garnier, encontram algum conforto para as dores de que padecem.

“Estou em sofrimento permanente”, desabafou Micheline Leroux, uma doente com cancro. No entanto, às sextas-feiras, algo muda: “Acho que a música ajuda um pouco a escapar à dor”, considerou, depois de escutar em silêncio uma interpretação comovente do Adágio, de Albinoni, um clássico barroco. A distracção da dor tem truque: “Prestamos atenção, e se é uma peça que conhecemos, antevemos cada nota que vem”, explicou.

Para além dos recitais semanais, Claire Oppert, de 55 anos, faz questão de demonstrar os efeitos terapêuticos da música, participando em estudos médicos sobre o tema. Mas, na Casa Médica Jeanne Garnier, já não precisa de convencer ninguém: os funcionários do lar de idosos não têm dúvidas sobre os efeitos positivos da música.

Depois de Claire se ir embora, encontramos os pacientes num estado mais calmo, por vezes comovidos, por vezes felizes”, relatou a cuidadora Margarita Saldana. “Pode haver lágrimas ou momentos de alegria.”

Claire Oppert visitou pela primeira vez este lar há quase uma década. E, desde então, passou a tocar o seu violoncelo regularmente para doentes em fim de vida.

Apesar da morfina e dos medicamentos, nos cuidados paliativos, por vezes, ainda há dor”, observa a violoncelista. “A música tem, de facto, um efeito calmante sobre essa dor residual.”

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