Ventura avisa Rio: Chega mantém posições sobre comunidade cigana e minorias

Líder do partido de extrema-direita deixou condições para eventual coligação com PSD nas legislativas. Castração química e prisão perpétua são outros dois pontos que o partido continuará a apoiar.

Foto
André Ventura Nuno Ferreira Santos

André Ventura deixou, esta segunda-feira, um aviso a Rui Rio para uma eventual coligação nas eleições legislativas: o Chega vai continuar a defender a prisão perpétua, a castração química para violadores e manterá as posições sobre a comunidade cigana e minorias.

Em entrevista à SIC Notícias, o líder do partido de extrema-direita avisou o PSD de que um Governo de direita apenas será possível com a cooperação do Chega, dizendo que os sociais-democratas terão de aceitar as posições do partido, que recusará qualquer moderação.

“[O Chega] Vai acabar com a [defesa da] prisão perpétua? Não vai. A minha posição sobre as minorias e os ciganos vai mudar? Não vai”, alertou André Ventura, sublinhando que será inflexível neste ponto e que uma eventual aliança com os sociais-democratas — e as suas condições — será discutida em congresso pelos militantes de extrema-direita.

Nos meses iniciais da pandemia de covid-19, o Chega defendeu um plano de confinamento específico para a comunidade cigana, iniciativa que foi repudiada por várias figuras da sociedade portuguesa, incluindo Francisco Louçã, Ana Gomes e o futebolista Ricardo Quaresma. 

O vice-presidente do partido, Gabriel Mithá Ribeiro, referiu em declarações ao Expresso este fim-de-semana que o Chega irá fazer alterações ao programa eleitoral, com o objectivo de proteger o partido de uma eventual futura tentativa de ilegalização junto do Tribunal Constitucional, recusando uma blindagem do programa. André Ventura, porém, diz que a direcção está meramente a fazer uma “clarificação” de certas matérias, tais como a saúde e educação. Mas as principais causas de contestação, atesta, vão ficar inalteradas, mesmo que choquem contra a Constituição.

“O que queremos é clarificar [o programa]. Continuo a acreditar que todos temos espaço na democracia portuguesa. Defendemos um regime mais presidencialista, uma justiça com prisão perpétua — que a nossa constituição proíbe —, castração química para pedófilos, que a nossa constituição não permite. É por isso que o Tribunal nos ilegaliza? Por termos ideias contrárias à constituição?”

O líder da extrema-direita portuguesa foi condenado esta segunda-feira em tribunal por ter ofendido a honra e ao bom nome de uma família do Bairro da Jamaica, no Seixal, a quem chamou “bandidos” num debate com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a campanha para as últimas Presidenciais. A advogada do deputado, Alexandra Sapateiro, garantiu ao PÚBLICO que a defesa vai recorrer da decisão. André Ventura recusa pedir desculpa à família, dizendo que mantém as palavras proferidas.

“Não pedirei desculpa. Entendo que o que disse foi ajustado. Acho que estamos a deixar que a Justiça interfira no domínio da política e do politicamente correcto. Vou analisar a decisão, não consigo entender a minha condenação e do partido, mas falarei amanhã sobre isso à imprensa nacional no Parlamento. Mantenho as declarações que fiz, disse isto à juíza. Não quis fugir a nenhuma condenação, hoje diria exactamente o mesmo que disse. O tribunal teve a sua legitimidade, mas nós temos a nossa de pedirmos a reapreciação a uma instância superior”, resumiu.

Sugerir correcção
Comentar