Nos últimos anos, foi sempre com Jorge Jesus que o Benfica ficou a zeros

Na “era Vieira”, o Benfica só ficou quatro vezes sem títulos - e há quase dez anos que tal não acontecia. Curiosamente, nessa temporada 2012-13, o fracasso foi sob o comando de… Jorge Jesus.

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Jorge Jesus no Estádio do Dragão, em 2013 © Miguel Vidal / Reuters

A I Liga perdida bastante cedo. Desilusão nas finais de duas taças internas – Taça e Supertaça. Na Taça da Liga nem final houve. A Liga Europa trouxe queda precoce. Na Liga dos Campeões nem chegou a pousar os pés. Foi assim a temporada do Benfica, com um redondo zero no número de títulos ganhos em cinco conquistas possíveis.

Na "era Vieira", o Benfica só ficou quatro vezes sem títulos  e há quase dez anos que tal não acontecia. Curiosamente, nessa temporada 2012/13, o fracasso foi sob o comando de… Jorge Jesus. Foi, portanto, o técnico da Amadora o líder da equipa nas últimas duas épocas “vazias” do Benfica.

2013 foi o célebre ano em que o técnico começou por se ajoelhar no Estádio do Dragão, quando Kelvin tratou de encaminhar o FC Porto para o título nacional. Dias depois, vieram outros dois golpes, perdendo as duas finais que disputou na última semana da época.

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A 15 de Maio, em Amesterdão, deixou fugir a Liga Europa para os braços do Chelsea. A 26, no Estádio do Jamor, ficou a ver o Vitória de Guimarães erguer a Taça de Portugal, na altura sob o comando de Rui Vitória, que viria a ser vitorioso no Benfica pós-Jesus.

O nome de Jesus fica assim ligado às últimas duas épocas falhadas do Benfica, mas, na “Era Vieira” – desde 2003, quando o actual presidente chegou à liderança do clube –, houve outras duas igualmente desprovidas de títulos.

Fernando Santos com dedo nas outras duas

Estas duas épocas têm também um nome comum – e bem conhecido. Em 2006/07 e 2007/08, Fernando Santos levou a equipa “encarnada” a dois anos de “jejum”. Orientou a equipa em 2006/07, com um terceiro lugar na I Liga, “oitavos” da Taça e queda nas duas “Europas”: primeiro na Champions, na fase de grupos, e mais tarde nos “quartos” da Taça UEFA, frente ao Espanyol, que viria a ser finalista vencido.

Na época seguinte, Fernando Santos montou o plantel que viria a ficar, também ele, a ver rivais erguer as taças. Foram o quarto lugar na I Liga, a queda na Champions (num grupo com AC Milan, Shakhtar e Celtic) e nos “oitavos” da Liga Europa (frente ao Getafe), a desilusão precoce na Taça da Liga e a derrota na meia-final da Taça de Portugal.

Esse jogo de Taça foi um dos melhores derbies da história, com o 5-3 a favor do Sporting, em Alvalade. Houve, nessa noite, quatro golos nos últimos 15 minutos, depois de o Benfica estar a ganhar 2-0 ao intervalo.

Foi Fernando Santos quem começou esta época falhada, mas José Antonio Camacho e Fernando Chalana também tiveram, posteriormente, dedo no fracasso, após a saída do actual seleccionador nacional. Foi até o ex-extremo quem conduziu a equipa nesse derby.

Curiosamente, o despedimento de Santos foi, segundo já assumiu Luís Filipe Vieira, o maior erro que o dirigente cometeu – lamenta ter cedido, na altura, à pressão dos adeptos.

Esta trivialidade tem, porém, algum significado. É que Vieira usou este “trauma” com Fernando Santos para justificar a renovação de contrato a Jorge Jesus, anos depois, quando o técnico nada ganhou. Depois do voto de confiança, Jesus encaminhou o Benfica para quatro campeonatos seguidos.

Serve esta história para enquadrar o futuro próximo do treinador, até porque, pela retórica comunicacional do treinador, do presidente e do clube em geral, o problema da temporada fracassada foi a covid-19 e o peso prejudicial dos árbitros.

Também daqui se deduz que, se Vieira ainda se lembrar do “trauma” Fernando Santos – apesar de o técnico nada ter ganho no clube – e ainda recordar a forma como segurou Jesus – com o sucesso que se conhece –, então o actual treinador terá, na próxima temporada, nova “ficha” para “gastar” no Benfica.

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