Gaza: “Chamar as coisas pelo seu próprio nome”

Não se continue a chamar conflito ao que é uma ocupação. Entre ocupante e ocupado não há conflito: há esmagamento. E há discriminação e supremacismo.

Outra vez. Só desde 2008, é a terceira vez que as forças armadas israelitas arrasam Gaza. Naquele que é descrito como o maior campo de prisioneiros do planeta vivem dois milhões de palestinianos fechados numa faixa costeira de 365 km2. Entradas e saídas por mar, terra e ar, abastecimento de água, gás, eletricidade e telecomunicações, tudo é controlado por Israel. Quando o garrote da ocupação se aperta mais ainda – desta vez, expulsando mais palestinianos de um bairro de Jerusalém Oriental para dar lugar a mais colonos judeus –, Gaza acaba sempre bombardeada. Para o resto do mundo, Israel usa sempre o mesmo argumento: o da “legítima defesa” de um pequeno Estado (com uma mega capacidade militar) descrito como pobre cordeiro democrático e ocidental rodeado de alcateias de lobos árabes fanáticos. Esta propaganda, que dura desde que Israel nasceu, empenha-se em esconder duas das realidades que minam toda a credibilidade do projeto colonial que os nacionalistas judeus (os sionistas) impõem na Palestina desde há cem anos. O projeto de criar um Estado judaico no Médio Oriente é, lembremo-lo, bem anterior ao Holocausto, a Hitler, a Auschwitz, e não foram os sobreviventes dos campos que criaram Israel - toda a retórica que associa uma coisa à outra é, lamento, anti-histórica. Israel foi criado contra os palestinianos, não contra Hitler.

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