Rápidos e eficazes: cães farejadores detectam covid-19 com 94% de precisão, diz estudo

Estudo britânico concluiu que cães farejadores conseguem detectar covid-19 com uma precisão acima dos 90% através de odores corporais deixados em peças de roupa de pessoas infectadas, como meias e camisolas.

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LUSA/RUNGROJ YONGRIT
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Reuters/JORGE SILVA

Cães farejadores treinados com meias que foram usadas por pessoas infectadas com o vírus SARS-CoV-2 poderão em breve ser usados em aeroportos ou locais com multidões para apanhar o “odor a coronavírus” de pessoas com a doença, afirmaram cientistas britânicos esta segunda-feira.

Trabalhando em equipas de dois, e em apenas meia hora, os cães treinados seriam capazes de examinar uma fila com várias centenas de pessoas à saída de um avião, por exemplo, e detectar os infectados com uma sensibilidade de até 94,3%.

Ao apresentar os resultados de um estudo, ainda em fase preliminar, que envolveu cerca de 3500 amostras de odor doadas sob a forma de meias não lavadas ou camisolas usadas pelo público em geral e profissionais de saúde, os investigadores concluíram que os cães foram capazes de farejar até casos assintomáticos ou ligeiros de covid-19, bem como da variante inglesa que surgiu no final de 2020.

“Os cães podem ser uma excelente forma de examinar rapidamente um grande número de pessoas e evitar que a covid-19 seja reintroduzida no Reino Unido”, disse Steve Lindsay, um professor do departamento de Biociências da Universidade de Durham, que trabalhou no estudo.

James Logan, um especialista em controlo de doenças da London School of Hygiene & Tropical Medicine que liderou o projecto, disse que a maior vantagem dos cães farejadores em relação a outros métodos de rastreio, tais como os testes rápidos, é a sua “incrível velocidade e boa precisão entre grandes grupos de pessoas”.

A investigação britânica, publicada online esta segunda-feira antes de ser revista pelos pares, surge na sequência de outros projectos-piloto na Finlândia, Alemanha, Chile e outros locais que estão a usar cães farejadores para detectar a doença nos aeroportos.

Os cães do estudo britânico foram treinados durante várias semanas, tendo sido expostos a 200 amostras de odores de pessoas que tinham recebido um teste positivo à covid-19 e a 200 amostras de pessoas com resultado negativo.

Os animais com melhor desempenho no ensaio detectaram o odor do novo coronavírus nas amostras com até 94,3% de sensibilidade, o que significa um baixo risco de falsos negativos, e até 92% de especificidade, o que representa um baixo risco de falsos positivos.

Esta precisão é superior à recomendada pela Organização Mundial de Saúde para o diagnóstico da covid-19, disse a equipa de Logan, com os cães a superarem os testes rápidos, que têm uma sensibilidade entre 58% e 77%.

No entanto, especialistas já vieram advertir que os resultados têm de ser replicados em situações do mundo real.

“Este estudo sugere conceptualmente que cães treinados para a detecção de covid-19 poderão ser utilizados em espaços como aeroportos, estádios desportivos e locais de concertos”, disse Lawrence Young, virologista e professor de Oncologia Molecular na Universidade de Warwick. “A grande questão é se esta abordagem funcionará no mundo real, com pessoas em vez de amostras de meias e camisolas.”

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