China faz pousar pela primeira vez uma nave em Marte

O robô chinês Zhurong pousou na zona inexplorada Utopia Planitia. É o primeiro dispositivo não norte-americano a pousar com sucesso na superfície de Marte.

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Ilustração conceptual de 2016 do rover chinês. Cinco anos depois, a China pousou com sucesso na superfície de Marte Reuters/CHINA DAILY

A China anunciou este sábado que pousou com sucesso a sua primeira nave espacial na superfície de Marte, avançou a agência estatal Xinhua citando a Administração Espacial Nacional da China. A agência estatal confirmou a aterragem ao dizer que a nave deixou “uma pegada chinesa em Marte pela primeira vez”. Depois dos Estados Unidos, o país é a segunda nação espacial a conseguir este feito.

Ao pousar na planície Utopia, no hemisfério Norte do planeta, a missão não tripulada Tianwen-1 cumpriu assim o segundo objectivo que levava da Terra quando foi lançada a 23 de Julho de 2020. A primeira etapa da viagem tinha sido completada em Fevereiro, quando a Tianwen-1 (Questões para o Céu, em chinês), composta por um orbitador, um módulo de pouso e um rover, entrou na órbita de Marte com sucesso. A equipa quer que o robô funcione durante, pelo menos, 90 dias em Marte. Cada dia no planeta vermelho tem a duração de 24 horas e 39 minutos. 

O robô Zhurong – nome escolhido num inquérito online e que é uma referência ao deus do fogo na mitologia chinesa – está equipado com seis instrumentos científicos, incluindo uma câmara de topografia de alta resolução. Tem como objectivo estudar o solo e a atmosfera de Marte, procurar por sinais antigos de vida, como água subsuperficial e gelo, e ainda recolher dados dos campos electromagnéticos e gravitacionais do planeta. Antes de se aventurar pela superfície do planeta, o robô Zhurong vai analisar o local de aterragem.

Citado pela BBC, o Presidente chinês, Xi Jinping, parabenizou a equipa responsável pela operação, dizendo que esta aterragem simboliza “um feito extraordinário” para o país. “Foram suficientemente corajosos para [assumir] este desafio, perseguiram a excelência e colocaram o nosso país na lista dos mais avançados na exploração planetária”, exultou o governante.

O robô Zhurong pesa 240 quilos e está equipado com painéis solares. Após a aterragem da nave espacial, o robô precisou apenas de 17 minutos para abrir estes painéis solares e fazer chegar o sinal até ao planeta Terra. A distância que separa Marte e Terra é de 319 milhões quilómetros, o que significa que as mensagens de rádio enviadas do planeta vermelho demoram, em média, 17 minutos e 45 segundos a chegar à Terra. 

Também os Estados Unidos, através da NASA, deram os parabéns à China pelo feito conseguido este sábado. Thomas Zurbuchen, responsável pelo departamento de Ciência da agência espacial norte-americana, mostrou-se entusiasmado com as potenciais descobertas que esta missão poderá trazer. “Juntamente com a comunidade científica mundial, aguardo ansiosamente pelas importantes contribuições que esta missão trará à compreensão humana sobre o planeta vermelho”, afirmou Zurbuchen. 

O robô que pousou na zona inexplorada Utopia Planitia torna-se assim o primeiro dispositivo não norte-americano a pousar com sucesso na superfície de Marte. O mais perto que outro país tinha ficado de conseguir o feito foi a União Soviética, que no início da década de 1970 conseguiu que um módulo chegasse à superfície do planeta, deixando de funcionar alguns minutos depois. Os Estados Unidos já conseguiram fazê-lo em cinco ocasiões.

A Tianwen-1 foi uma das três missões que entraram na órbita de Marte em Fevereiro deste ano, juntamente com o robô norte-americano Perseverance, que pousou com sucesso na cratera Jezero a 18 de Fevereiro, e com a nave Hope, lançada pelos Emirados Árabes Unidos. Esta última não foi desenvolvida para tentar uma aterragem, encontrando-se ainda em órbita a recolher dados sobre a meteorologia e atmosfera do planeta vermelho. 

Esta foi a segunda vez que a China tentou chegar a Marte. O país asiático enviou em 2011 uma sonda orbital que acompanhava uma missão espacial da Rússia. A tentativa falhou ainda antes de o dispositivo sair da órbita terrestre e acabou por arder na atmosfera. Pequim decidiu então avançar com uma missão espacial própria. 

A China tem mais três missões interplanetárias em curso: uma para explorar asteróides em 2024; outra missão a Marte em 2030, em que se vai recolher amostras; e ainda uma outra para explorar Júpiter. com agências

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