Birra: o famoso bicho de sete cabeças

As birras surgem devido às limitadas capacidades de lidar com as frustrações, do limitado vocabulário para exprimir as necessidades e sentimentos e pelo facto de as capacidades de regulação emocional serem ainda muito reduzidas.

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Caleb Woods/Unsplash

Como pais, já todos nós tivemos oportunidade de nos confrontarmos com esse bicho de sete cabeças, vulgarmente conhecido como: birra!

Quando seu filho está no meio de uma birra, pode ser difícil evitar que você tenha sua própria birra também! A verdade é que, por muito incómodo e frustrante que possa ser lidar com uma birra, elas são parte integrante do desenvolvimento, e a forma como nós lidamos com elas terão um grande impacto na pessoa em que o nosso filho se vai tornar.

As birras surgem nos mais pequeninos devido às suas ainda limitadas capacidades de lidar com as frustrações de forma positiva, do ainda limitado vocabulário para exprimir as suas necessidades e sentimentos e pelo facto de as suas capacidades de regulação emocional serem ainda muito reduzidas. Juntando-se a isso o processo de desenvolvimento da sua própria independência como indivíduo, pelo qual está a passar e onde precisa de aprender tomar decisões sobre determinadas coisas.

O seu pequenito pode finalmente usar palavras para lhe dizer o que ele precisa ou quer, mas isso não significa que já consiga lidar com as suas emoções, o que significa que a mínima contrariedade pode desencadear uma birra. Na prática desencadear sentimentos de raiva e tristeza presentes nestes momentos. Quer isto dizer que as crianças com um temperamento mais intenso terão maior probabilidade de fazer mais birras!

É importante que perceba que naquele momento de birra, o seu filho está a sentir inundado pelas suas próprias emoções, sente-se inseguro ou com medo. Naquele momento, ele é alguém que precisa da nossa ajuda enquanto pais! Aqui ficam algumas dicas.

Primeiro passo: prevenir o seu aparecimento
Para conseguir ajudar o seu filho a desenvolver estas capacidades, é importante passar tempo a brincar com ele, criando oportunidades de o ajudar a desenvolver estas competências. Deixe a criança liderar a escolha da brincadeira e dê-lhe toda a atenção. Ter esta experiência positiva consigo fornecerá à criança as bases para se acalmar da próxima vez que ficar com raiva.

Procure oportunidades para assinalar os seus bons comportamentos, mesmo aqueles que julga não terem importância. Com o reforço positivo desses comportamentos desejados, torna-se mais provável é que ele os repita. Antecipadamente, podemos também ajudar a desenvolver formas saudáveis ​de lidar com a frustração no calor do momento, com técnicas de respiração profunda, por exemplo, imaginar uma flor muito cheirosa e pedir à criança para a cheirar profundamente e depois conseguir apagar a maior vela do seu bolo de aniversário. Treinar isto antecipadamente vai ser uma ajuda preciosa no momento da birra.

Finalmente, esteja atento às situações que tendem a gerar uma birra, e esteja preparado: Se a criança ficar irritada quando aparece um “ratinho” na barriga, tenha sempre consigo um snack saudável. Se “despardala” quando está cansada, torne as suas sestas uma prioridade máxima.

A forma como lidamos com as birras vai determinar o seu curso. Por exemplo, se lhes damos muita atenção, o mais natural é que elas apareçam mais amiúde, se respondermos com raiva, as birras vão escalar. 

Segundo passo: Identificar os diferentes tipos de birra e as diferentes formas de lidar com ela
A birra emocional é aquela em que a criança está a sentir-se frustrada (por exemplo, quando não consegue vencer um desafio que criou a si própria, rumo à sua independência, como apertar os botões do casaco), ou está a transbordar de emoções. A técnica é esperar até perceber aquela mudança de tom para a tristeza que nos permite aproximar, limpar as lágrimas, oferecer conforto e compreensão e depois… avançar no dia.

A birra dramática é bem diferente porque não costuma ter lágrimas e tem mais a ver com a criança obter o que deseja, ou seja tentar influenciar a nossa decisão. Nestes casos, a melhor opção é não dizer nada, nem sequer fazer contacto ocular e avançar para outro local. Quando a criança se acalmar mais tarde, poderemos explicar a situação sem dar muita importância ao assunto.

Em casa ter o “cantinho da calma”, ou seja, um espaço que ajude a criança a acalmar-se na sua companhia (não sozinha), permitindo que o seu cérebro se organize para pensar melhor. Nesse cantinho podes colocar almofadas, alguma música para relaxar e as “garrafas da calma” que podem ser construídas em cinco minutos! Elas têm um efeito semelhante ao de olhar para um aquário com peixinhos a nadar. Coloque um “espanta espíritos” feito com coisas simples lá de casa, o seu barulho é muito relaxante.

Uma das coisas que mais aflige os pais é quando as birras ocorrem em público, porque manter-se calmo durante uma birra é difícil, mas em público torna-se um pouco pior. Por isso, quando elas ocorrem em locais públicos, tente rsair: ir até à casa de banho, até ao carro, para que possa dar ao seu filho toda a atenção que ele necessita sem ter de se preocupar com o facto de estarem a ser o centro das atenções.

Para terminar, ninguém gosta de se sentir fora do controlo, portanto, a próxima vez que o seu filho estiver assim, entenda que aquilo é um pedido de ajuda, e não um “teste”. E já sabe, respire, recomponha-se… afinal você é o adulto!

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