Infecção fúngica mortal encontrada em doentes com covid-19 na Índia

A nova infecção decorre dos tratamentos a que os pacientes internados em cuidados intensivos são sujeitos e pode causar desfigurações faciais.

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O tratamento intensivo dos pacientes com covid-19 está a causar uma infecção fúngica em alguns casos IDREES MOHAMMED / EPA

As autoridades sanitárias indianas alertaram para uma infecção fúngica detectada em alguns doentes com covid-19 que pode causar desfigurações faciais e até ser mortal, enquanto o país continua a enfrentar o surto de coronavírus que mais cresce em todo o mundo.

A mucormicose, também conhecida como “infecção do fungo negro”, pode prejudicar os pulmões quando os esporos são inalados, de acordo com uma recomendação sanitária divulgada pelo Conselho Indiano de Investigação Médica (ICMR) no domingo. Os pacientes que têm recebido medicação há algum tempo ou tenham tido uma permanência prolongada em unidades de cuidados intensivos são particularmente susceptíveis, diz o mesmo documento.

A infecção é rara, mas mortal, e pode matar e mutilar pacientes, com alguns doentes com covid-19 a perderem a maxila superior e os olhos depois de a terem contraído, segundo a imprensa local.

Com a Índia a registar mais de 300 mil novas infecções diárias nos últimos 19 dias consecutivos, os médicos nas urgências têm visto uma subida destes casos – uma consequência involuntária da intervenção clínica intensiva que por vezes inclui a aplicação de tubos de oxigénio pelo nariz. O fungo pode atacar através das vias respiratórias, e já estava presente na Índia antes da pandemia, segundo o New York Times.

O sistema de saúde indiano foi esticado até ao ponto do colapso por uma segunda vaga do vírus que se está a mostrar mais letal e mais difícil de controlar do que a primeira.

Os sinais de alerta para a infecção fúngica incluem dor e vermelhidão à volta dos olhos e do nariz, falta de ar, vómitos ensanguentados e um estado mental alterado, disse o ICMR. Os médicos foram aconselhados a vigiar os níveis de glicose no sangue dos pacientes e a usar água limpa e esterilizada nos humidificadores usados para a terapia de oxigénio.

O ICMR desaconselha o uso excessivo de esteróides, indicando que podem agravar a infecção.

A infecção fúngica é apenas a última dificuldade no combate ao vírus na Índia, com o país a enfrentar uma escassez de camas hospitalares, cilindros de oxigénio, medicamentos e doses de vacinas, enquanto os casos sobem. Os especialistas alertam que a dimensão do surto da Índia tem capacidade para gerar novas mutações do vírus e efeitos secundários ainda não encontrados noutros locais.

Exclusivo PÚBLICO/Washington Post

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