Portugal incluído na “lista verde” de destinos do Reino Unido

Turistas britânicos que visitem Portugal não têm de fazer quarentena no regresso ao Reino Unido. Augusto Santos Silva diz que esta inclusão é “um reconhecimento pelo esforço feito pelos portugueses”.

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Algarve Rui Gaudencio

Portugal é um dos 12 países que constam da “lista verde” do Reino Unido de destinos de baixo risco de infecção covid-19, segundo anunciou o ministro britânico dos Transportes, Grant Shapps, esta sexta-feira. A partir de 17 de Maio, os britânicos já poderão viajar para estes 12 destinos sem necessitar de fazer quarentena no regresso.

A lista, que irá ser actualizada a cada três semanas, inclui também destinos como Israel e Gibraltar, mas França, Grécia e Itália ficam, para já, de fora.

Shapps sugeriu que, à medida que o Verão avança, os destinos mais “tradicionais” e populares devem ser incluídos na lista, que apelidou de “limitada”. Os britânicos também poderão viajar para a Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Brunei, Islândia, Ilhas Faroé e Ilhas Malvinas.

Segundo o ministro, os países da “lista verde” (inclusão que dispensa a quarentena no regresso ao Reino Unido e obriga apenas à realização de um teste à covid-19) têm altas taxas de vacinação e baixas taxas de infecção. Ainda assim, Shapps pediu aos britânicos que tenham conhecimento das restrições que estão em vigor em cada destino e que não marquem férias sem a possibilidade de serem reembolsados, já que os países podem ser retirados da “lista verde” se a situação epidemiológica piorar.

Decisão é uma boa notícia para Portugal

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reagiu, no Porto, à inclusão de Portugal dos destinos seguros do Reino Unido, dizendo que é “um reconhecimento pelo esforço feito pelos portugueses”, que levou a que o país tenha hoje uma “situação pandémica controlada”. “Estamos a fazer o desconfinamento faseado, prudente, cauteloso mas, até agora, bem-sucedido. Esse reconhecimento internacional é sempre bem-vindo”, disse.

Questionado sobre se esta decisão será importante para a economia, Santos Silva avançou que Portugal, enquanto preside ao Conselho da União Europeia (UE), está a trabalhar em “dois instrumentos que vão ser muito importantes para a reanimação da circulação das pessoas” e que trarão “efeitos positivos”. 

“O primeiro é o Certificado Verde Digital, que esperamos que esteja operacional no princípio do Verão, e isso significará que as pessoas que estejam vacinadas ou imunizadas terão liberdade de circulação entre os Estados-membros da União Europeia”, lembrou Santos Silva. “O segundo instrumento é a revisão da nossa recomendação de viagens de fora da UE e para fora da UE, em que se inclui o Reino Unido, que vai ser feita no sentido de permitir viagens de todo o tipo, essenciais ou não-essenciais, para países cuja situação pandémica esteja também melhor. É o caso do Reino Unido, que está numa situação controlada, com uma vacinação muito avançada e com níveis de novos casos bastante baixos, próximos dos portugueses”.

O ministro disse ainda que as actuais restrições a viagens em vigor em território português serão revistas nesta primeira quinzena de Maio. “Estas notícias são boas porque nos permitem tomar decisões que, insisto, serão sensatas e cautelosas, mas de abertura progressiva”, avançou.

Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo, afirma, por outro lado, que “este dia marca o início da reactivação do turismo, no contexto internacional”. “Portugal e o Reino Unido foram sempre países parceiros, também no turismo, pelo que é com especial satisfação que vemos a inclusão de Portugal como o primeiro país da UE na lista verde do Reino Unido. Estaremos prontos para receber os turistas britânicos com a simpatia do costume e com ainda mais segurança”, diz a secretária de Estado, citada por um comunicado do Turismo de Portugal, acrescentando que "há ainda que trabalhar para repor a mobilidade com países terceiros à UE”.

No mesmo comunicado, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, acrescenta que “Portugal dá as boas-vindas aos turistas britânicos com a máxima segurança”. Já João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, diz ao PÚBLICO que a entidade está “obviamente” muito agradada com esta “boa notícia”, que já “aguardava com ansiedade”. “É para o Algarve uma excelente notícia na medida em que somos o principal destino dos turistas britânicos em Portugal. E estamos a falar de uma notícia que já vinha a ser vinculada pelos media britânicos e que só essa informação prévia, antes da decisão oficial, já gerou um pico de procura vindo do Reino Unido para alojamento turístico nos últimos dias”, referiu. "Acredito que daqui em diante, e até 17 de Maio, teremos obviamente boas notícias do ponto de vista de reservas e que permitirá que este período que se avizinha venha a ter uma expressão interessante”.

Sistema em semáforo

O Reino Unido vai adoptar um sistema que funciona “em semáforo": os países a vermelho (a Turquia, as Maldivas e o Nepal) são aqueles que não devem ser visitados excepto em situações de urgência. A estes viajantes será exigido que façam quarentena em hotéis escolhidos pelo governo à chegada e vários testes à covid-19. Os viajantes dos países a laranja (que formam o maior grupo) terão de fazer três testes à covid-19 em diferentes ocasiões e uma quarentena de dez dias num local à sua escolha. Já os viajantes dos países a verde terão regras menos apertadas: terão de fazer um teste negativo (PCR) antes de voltar a entrar no Reino Unido e um segundo teste dois dias depois da chegada.

“Infelizmente, o nosso sucesso em combater a covid-19 aqui, com dois terços dos adultos já vacinados, ainda não foi replicado em muitos países. Neste país conseguimos criar uma fortaleza contra a covid-19, mas a doença ainda está presente em muitas partes do mundo”, referiu Shapps, dando como exemplo o caso particular da Índia e justificando o porquê de uma lista tão curta de destinos na “lista verde”.

“Queremos um Verão em que, com a ajuda das vacinas e dos testes, podemos reunir amigos e família, viajar para sítios que adoramos. Queremos começar a olhar para o exterior outra vez”, disse ainda o ministro, explicando que o país precisa de “se proteger” das novas variantes.

Para provar que já foram vacinados ao entrar noutros países, os britânicos poderão, a partir de 17 Maio, obter um certificado de vacinação através da aplicação do serviço nacional de saúde do Reino Unido (NHS). Além disso, o aligeiramento das regras a viagens internacionais vai ser acompanhado de um reforço da testagem para as pessoas que cruzem as fronteiras e que cheguem ao Reino Unido por via marítima, aérea ou terrestre, avançou o responsável da força de segurança das fronteiras (Border Force), Paul Lincoln.

Os britânicos estavam proibidos de fazer viagens para o estrangeiro desde Janeiro, excepto em casos de força maior e com justificação válida, sendo as infracções penalizadas com multas de 5 mil libras (cerca de 5800 euros).

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