Rio diz que Governo “vai levar ao colo” Medina porque não pode perder Lisboa

O líder do PSD criticou o espaço de comentário de Fernando Medina e diz que o Governo vai meter “a carne toda no assador em Lisboa” para garantir que Carlos Moedas não vencerá a Câmara de Lisboa.

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Fernando Medina (à esquerda) e António Costa (à direita) na campanha das eleições legislativas de 2019 Francisco Romao Pereira

O presidente do PSD, Rui Rio, afirmou esta quinta-feira que o Governo “vai levar ao colo” o candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa, porque “pelas guerras e desequilíbrios internos” não pode perder a eleição autárquica na capital. Rui Rio falava na apresentação da coligação autárquica para Lisboa “Novos Tempos”, encabeçada por Carlos Moedas, e que reuniu no Jardim da Estrela os líderes do PSD, CDS-PP, PPM, MPT e Aliança.

“Estamos hoje em dia de Benfica-Porto e eu diria, nessa linguagem, que vão por a carne toda no assador em Lisboa. O Governo vai levar o dr. Fernando Medina ao colo na medida do possível e tem contado com algumas ajudas que não devia contar”, alertou.

Em concreto, o líder do PSD criticou que quer Fernando Medina, mas também o actual presidente de Câmara e recandidato ao Porto Rui Moreira, mantenham o “comentário político nas televisões todas as semanas” e nos quais considera que não lhes são feitas as “perguntas incómodas”.

“A democracia e a transparência exigem igualdade de circunstâncias, faço um apelo a que, em nome dos princípios democráticos, todos os candidatos tenham as mesmas condições de disputar com lealdade a eleição de Setembro ou Outubro”, apelou.

O líder do PSD admitiu que “não vai ser uma tarefa fácil” vencer a Câmara de Lisboa. “Mas quanto mais difícil, maior e mais saborosa é a vitória no dia em que acontece. A vitória desta coligação e a eleição de Carlos Moedas vai ser particularmente saborosa”, vaticinou. No dia em que o PSD comemora 47 anos desde a fundação do então PPD, Rio foi saudado pelos restantes líderes partidários por essa data, mas centrou a sua breve intervenção na capital.

“Lisboa está muito, mas muito longe da qualidade de vida que aqui é possível dar aos lisboetas”, defendeu, considerando que “aqueles que mais sofrem com a centralização e concentração do país são os lisboetas”.

Rio lembrou a sua experiência como presidente da Câmara do Porto para dizer que, se estivesse na pele de Moedas, “nem saberia por onde começar, tal é a tarefa, tantos são os problemas estruturais”. “Se aquilo que é preciso aqui são mudanças, o último partido em que se deve votar é no PS, que é o partido mais conservador e mais avesso à mudança na prática”, apelou.

Tal como tem repetido, Rio considerou que os partidos não podem exigir a vitória a todos os seus candidatos, mas é sua responsabilidade apresentar “candidatos credíveis”. “O primeiro passo é oferecer aos lisboetas a possibilidade de terem, se quiserem, um excelente presidente da Câmara”, disse, considerando que Moedas reúne as três características que fazem dele credível: competência, seriedade e coragem.

  • Leia a entrevista do PÚBLICO ao candidato Carlos Moedas

Antes de Rio e do líder do CDS-PP, discursaram os presidentes dos outros partidos que integram a coligação “Novos Tempos”. Francisco Rodrigues dos Santos espera que a coligação liderada pelo candidato Carlos Moedas possa “derrubar a quase hegemonia” do PS em Lisboa e “contagiar” o resto do país. "É nessa missão de serviço que aqui estamos hoje para derrubar esta quase hegemonia que o Partido Socialista detém em Lisboa”, disse o líder centrista.

 CDS-PP espera que coligação vença em Lisboa e contagie o país 

Para Rodrigues dos Santos, é necessário “um projecto alternativo ao socialismo” que tem “atrasado Portugal e os lisboetas há demasiados anos consecutivos”, e esta coligação dá resposta ao “desejo de mudança” que disse que os lisboetas e os portugueses sentem. Na sua intervenção, o presidente do CDS-PP elogiou várias vezes o candidato e disse também que o partido sabia que tinha de “apoiar Carlos Moedas” e fê-lo “de forma sincera e convicta mesmo antes” de ter “quaisquer garantias de que seriam satisfeitas” as suas condições, nomadamente “ao nível da chave de repartição de oportunidades”. Assim, “é com muito entusiasmo” que o CDS-PP participa nesta coligação, garantiu.

Francisco Rodrigues dos Santos diz que necessário “um fenómeno carismático, uma figura competente com currículo na sociedade civil, com experiência profissional, mas também com enormes qualidades de liderança política” e Carlos Moedas é “o homem certo para protagonizar este desafio”. Assim, esta foi uma escolha “muito feliz”, afirmou o presidente do CDS-PP espera que Lisboa lhe “dê oportunidade de mostrar aquilo que ao leme do país já foi capaz de fazer”.

Francisco Rodrigues dos Santos salientou igualmente que este foi um acordo “fácil de celebrar” e que esta coligação “ama a cidade, abraça a cidade e quer cuidar de Lisboa e oferecer-lhe um projeto mobilizador que corrija as deficiências estruturais que a governação socialista aqui imprimiu”. “Somos um espaço não socialista que quer somar, que não quer dividir, que não quer subtrair e sabe que unido tem todas as condições para derrubar a esquerda”, defendeu. Lisboa deverá ser “mais transparente e mais confiável”, pelo que o candidato à câmara “será sempre um trunfo enquanto homem de compromisso e de combate à corrupção”, advogou ainda o democrata-cristão.

Além dos presidentes das distritais e concelhias de PSD e CDS-PP, marcaram também presença os secretários-gerais dos dois partidos e alguns autarcas da capital e dirigentes nacionais, como o presidente do Conselho Nacional, Filipe Anacoreta Correia, que esteve envolvido nas negociações para este acordo coligatório, além de alguns deputados do PSD (e nenhum do CDS-PP), como Filipa Roseta, Hugo Carvalho, Lina Lopes e o antigo parlamentar social-democrata António Leitão Amaro.

Gonçalo da Câmara Pereira, presidente do PPM, recordou o fundador do PSD Francisco Sá Carneiro, lembrando que foi ele “o primeiro a juntar à mesa” pessoas tão diferentes como os monárquicos e o MPT, e deixou um desejo. “Vamos voltar a ver o rio que não vemos há não sei quantos anos, Lisboa deixou de olhar para o rio”, lamentou.

Pedro Soares Pimenta, presidente do MPT, evocou o fundador do partido Gonçalo Ribeiro Telles, que morreu há cerca de seis meses. “A nossa coligação é um bom exemplo, no meio da descrença popular e das promessas feitas e não cumpridas deste executivo camarário de Lisboa de um projecto válido, exequível e que estou certo sairá vencedor”, desejou, apontando que o principal objectivo deve ser “promover a felicidade de todos os que vivem em Lisboa, tanto nacionais como estrangeiros”.

Pelo Aliança, Paulo Bento salientou que tem defendido que o caminho a seguir pelos partidos não socialistas é “entenderem-se para apresentar ao eleitorado propostas alternativas”. “Infelizmente para os lisboetas e felizmente para esta candidatura, tantos são os erros a apontar que o que tem de nos distinguir é a apresentação de propostas, sem medo de dizer o que pensamos das ciclovias, dos transportes, da saúde e da educação”, afirmou.

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